sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Mexendo nos vinis


o zé amaral lá nos e-mails avisa da coleção Gênios do Jazz.

ela já teve outro nome

era Os Gigantes do Jazz;

os fascículos chegavam lá em casa por conta do meu pai, em parte.

ouvindo o fascículo do ray charles lembranças sempre chegam

uma das faixas dancei numa peça de um colégio paulistano

topei a empreitada só para ficar ainda mais perto

de uma certa menina, seu perfume, sua pele e seu cacoete


em cena contada aqui.





está dito.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O primeiro dia


o quadro que fui pintando com a euforia do meu silêncio platônico. as pétalas que fui estendendo ao longo do tempo para cada sorriso seu. meu tormento,meu alento. a cena que guardei de você parada na porta da floricultura segurando um livro. as minhas palavras que escaparam do meu silêncio.o dia sem fim do verão. as lágrimas atrapalhando a visão das flores. as lágrimas secadas com as costas das mãos.nem imaginando uma dança na primavera. pedrão, pedrão, de onde veio essa ideia ?

acreditando no futuro.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Referências - O estranho no Paraíso

minha tia ignez tem me cobrado um poema que escrevi para a família. achei que com a mudança de casa eu o encontrasse. na agitação, pelos acontecimentos que logo se seguiram, não o achei.
no ano passado tinha começado um outro texto sobre a família. mas eu fiquei envergonhado. querendo um blog que tratasse de assuntos universais e não pessoais, não o publiquei. eu queria falar dos ministros da dilma, do aquecimento global, da blogueira cubana, injustiças outras, enfim. arquivei o texto.
nos últimos dias a ideia de colocá-lo aqui reapareceu, com tudo que tem me cercado. depois de quinta ganhou mais força ainda.
é agradecimento. e um muito obrigado há muitos citados no texto. meus tios e primos, amigos, para minha irmã,meu irmão e minha mãe.

e em especial para pedro novais da silva, meu pai, in memorium.



meu pai pedro, o "duca", ouvia futebol no rádio, gostava de instrumentos de sopro e lutas de boxe na tv
minha mãe benê, a "ditinha", cantava pela casa, sabia as palavras difíceis dos livros e revistas e queria estudar muito.
minha irmã rosa, a "ia",me ensinou as primeiras palavras em inglês, lia fotonovelas, algumas vezes me levou ao cinema.
meu irmão ruy, o "sérgio", era meu parceiro em muitas brincadeiras e diz a lenda familiar me ensinou a subir em árvores.
meu avô materno, augusto, tinha sítios, castrava porcos e plantou algumas árvores na cidade de londrina que estão até hoje por lá
minha võ materna maria, era magrinha, usava um coque na cabeça e até se mudar não matou duas galinhas que viraram de estimação para mim e meu irmão.
minha mãe teve dois irmãos adotivos. um sumiu no mundo. a outra se chamava isaura que tinha casa e sítio na cidade de cambira, mais interior ainda. e eu tinha outros primos por lá, um chamado mozart.
meu avô paterno, o joão, tocava nos cinemas sonorizando os filmes.
minha avó paterna rosa, fazia pães caseiros e reclamava quando eu aparecia de cabelo comprido e me deu um conselho que eu não segui.......
meu tio zezo era gráfico, era goleiro e um dia no quintal de casa, jogou "contra", meu pai, meu irmão e eu, com o josé antonio e o luis claudio formando o time da "outra família". não lembro o placar.
minha tia adair nasceu no mesmo dia do meu pai, do meu avô joão e do meu primo zé. era casada com o tio salvador com quem fui pescar algumas vezes.
minha tia dita teve cinco filhos, um foi assassinado, o valter, triste dia aquele. na casa dela eu ouvia os discos dos primos, colocando os discos na vitrola e imitando locutores de rádio.
meu tio paulo cantava, tinha uma foto dele se apresentando na rádio londrina na casa da minha avó rosa e me presentou aos dez anos com um livro do monteiro lobato, o "história das invenções".
minha tia cida tinha uma cara séria, muito séria. batalhadora, também trabalhava numa gráfica e me deixava feliz quando sorria e deixava eu entrar debaixo da couraça de seriedade dela.mãe da duclinéia que me mostrou o que eu deveria estudar até chegar ao vestibular e mãe do zé, autor da colisão mais rídícula da história do automobilismo mundial.
tres tios moravam no "estrangeiro".
o tio cido em assis, estado de são paulo, chique.
meu tio osmar mais chique ainda morava em são paulo e quando aparecia gritava da rua para minha mãe, "ditinha a gelatina ´tá pronta?" se referindo a um dos doces preferidos dele, preparados pela minha mãe..
o tio "GÊ", tinha sumido no mundo e para mim e meu primo zé antônio era a "lenda". quando ele reapareceu muita gente foi até a casa da minha avó rosa. eu o meu primo zé antonio também e nos postamos diante da "lenda".
meus tios fundaram escolas de samba que ganharam vários desfiles na cidade. sendo que um campeonato da "chão de estrelas" foi inesquecível. minha mãe cantando o samba na avenida, meu pai tocando prato, minha irmã na ala das baianas eu e meu irmão na bateria.
meus tios casaram com mulheres bonitas, as tias lurdes, sebastiana, teresinha e ignes.
a maioria dos meus primos tem nomes compostos, joão carlos, paulo roberto, rosa adair, luis carlos, vera regina, luiz eduardo, heber henrinque, haydee cristina.



a melhor gravação de ray connif para mim é a de stranger in paradise. mas tem um problema. ela me transposta para sala da casa da minha avó paterna, lá em londrina. dono do disco de conniff, meu tio paulo o colocava. olhando ele cantando e dançando, aprendi como era.. ele mesmo às vezes me dizia;é assim ó!. repararam porque que não dá para ouvir a música inteira? coloquei na coluna de coisas boas. beleza sufocando, criando nó na garganta e explodindo em choro. suscetível.






meu pai, amante de bandas, instrumentos de sopro, talvez influência do pai dele, tinha duas versões do hino da marinha brasileira, numa delas ele fazia todos os instrumentos em arranjo de "boca". os sopros, os pratos, os bumbos. na outra versão ele cantava a letra inteira. recentemente ele me contou que fez aulas de piano, vamos combinar, ele teria sido um pianista elegante como oscar peterso, um negão que ela achava bom. vai fazer muita falta o "Seo" Pedro.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ao Velho Pedro

há palavras novas nas conversas familiares; neuro-comprometimento, sedação, dreno, pressão craniana,uti semi-intensiva, nível de consciência, sequelas.
qualquer pequena movimentação do braço, dos olhos, respiração, bocejo, é comemorada.
esperamos que ele saia do sono, sonho, para nós pesadelos, em que ele se encontra.
eu espero que que ele faça como fazia quando ouvia do lado de fora do meu quarto, a música que vinha do aparelho de som.
ele abria a porta devagar, enfiava a cara, sorria e perguntava:
_Pedro Geraldo que música é essa?
eu passava a capa do disco para ele. então às vezes ele sentava na cama e acompanhava algumas faixas do disco.
se o músico era negro ele decretava com orgulho:
_Esse Negão é bom!
com orgulho pela etnia do músico.
Pai quero que o senhor abra o olho devagar, como fazia ao entrar em meu quarto, aquele quarto quente segundo o Amaral e me pergunte aí do seu sono, sonho, nosso pesadelo:
_Pedro Geraldo que música é essa?