sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ao Velho Pedro

há palavras novas nas conversas familiares; neuro-comprometimento, sedação, dreno, pressão craniana,uti semi-intensiva, nível de consciência, sequelas.
qualquer pequena movimentação do braço, dos olhos, respiração, bocejo, é comemorada.
esperamos que ele saia do sono, sonho, para nós pesadelos, em que ele se encontra.
eu espero que que ele faça como fazia quando ouvia do lado de fora do meu quarto, a música que vinha do aparelho de som.
ele abria a porta devagar, enfiava a cara, sorria e perguntava:
_Pedro Geraldo que música é essa?
eu passava a capa do disco para ele. então às vezes ele sentava na cama e acompanhava algumas faixas do disco.
se o músico era negro ele decretava com orgulho:
_Esse Negão é bom!
com orgulho pela etnia do músico.
Pai quero que o senhor abra o olho devagar, como fazia ao entrar em meu quarto, aquele quarto quente segundo o Amaral e me pergunte aí do seu sono, sonho, nosso pesadelo:
_Pedro Geraldo que música é essa?


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