sábado, 28 de novembro de 2009

(In)Satisfação garantida


Embora já tenha mostrado o contrário comigo, desde pequeno ouço o slogan, "Não deformam, nem soltam as tiras". Acreditei.
Voltei para casa depois de uma caminhada sob mormaço sabatino, com as sandálias nas mãos e pisando o asfalto esfacelado paulistano e suas calçadas, cada uma com seu declive, desenho e material.
"Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta". Acreditei.
Mas foi um começo de fim de semana de quebra de credibilidade. Se eu já não levava fé no slogan da sandália, outros slogans acabaram, por me deixar com uma sensação esquisita na boca do estômago. "De rabo preso com o leitor". Quem no final dos 70 começo dos 80 não acreditaria ? Quem não entrou nessa pendenga Folha x Estadão, embora,ler o Estadão de domingo e seu caderno cultural fosse obrigatório antes do advento Caderno 2 ? Acreditei.
"Alfreeedoooooo". Alguém por favor nos salve ou nos explique. Quem não acha engraçadinho os slogans que a publicidade brasileira nos aborda, colocando-os no nosso inconsciente ? Acreditei.

Quem em sã consciência não assoviou, andando por um naco da orla marítima, com aquelas sandálias,aquele jornalão debaixo do braço,uma canção bossanovista, de um antigo compositor brasileiro. Acreditei.

Mas vou repensar.
Meus próximos passos. Minhas próximas leituras e, minhas próximas "defecadas".

A dona do Jardim

Rezam meus olhos quando contemplo a beleza
A beleza é a sombra de Deus no mundo
(Helena Kolody)




Criei um acervo de delicadezas. Está em algum ponto de minha memória.Recorro à ele, quando me encontro tristão, malzão, ou quando alguma grossura, só para ficar numa expressão suave, me é dirigida. Aí, vou ao meu acervo e pesco lá alguma situação onde me sinto tão bem, que só a lembrança dela ter existido em minha vida, já justifique eu ficar melhor, diante da situação negativa.
Essa foto em p&b aí abaixo é um dos itens de minha memória ao qual recorro para me valorizar de vez em quando. E confesso não gosto nada de ser fotografado, devo ter sido convencido pela fotógrafa, com algum dos seus sorrisos de derrubar muralhas. Ela, a foto, quando a mostro para outros amigos é a síntese de minhas amizades ao longo da vida. Todos os amigos estão representados ali, amigos de A a Z. De Amaral à Zé Vieira.
Zé Vieira, ele mesmo, que aí na foto postado ao meio, analisou, `a la Roland Barthes, o filósofo francês, que o punctum da foto é minha postura provocativa em direção à fotógrafa.
Não deve ser. Embora a primeira vez que eu a tenha visto, a fotógrafa, houve um certo constrangimento de minha parte, só de minha parte reafirmo. Me senti como um dos retratados de Debret. Um negro em meio a realeza. Ao vê-la pensei: Eu muito black/ ela muito branca, um verso que seria modificado um tempo depois. Estávamos então, entre pratos azuis de merendas, pajens, e uma revoada de funcionários públicos, uma algazarra, que o sorriso matador dela, fez questão de confirmar, quebrando a formalidade das apresentações e determinando para mim definitivamente, que a beleza tem lá suas tristezas, apesar de fugirmos dela. E eu sem saber, que ali naquele momento estava ganhando mais um item para o meu acervo de delicadezas, item ao qual recorreria algumas vezes.

Pois não é só essa foto que minha memória pega na pasta da Tãnia, a fotógrafa e a mulher da foto abaixo, em algumas situações negativas para levantamento de moral, de tomar aquele sacolejo e pensar, "Peraí, se ela me colocou bacanudo na foto, alguma coisa há". Ou quando uma vez, saímos para almoçar. Ela, marido e eu. O marido então talvez mais faminto, naquele momento do que nós, começou a subir as escadas do restaurante, pulando os degraus, no que ela soltou um, "Esse seu amigo !!". Subimos as escadas devagar. E para lembrar, ela na ocasião carregava uma barriga, de sete ou oito meses, o lépido Gabriel. Chegamos ao alto da escada quase de mãos dadas. Eu muito black/Ela muito branca, olhares curiosos de soslaio sobre nós. Pedi perdão ao amigo, empertiguei o peito, e lá no fundinho do coração, soltei para mim. "Morram invejosos, vou atravessar o restaurante ao lado dessa mulher bonita, não se engasguem !!"
E eu conheço alguns sorrisos matadores dela. Aí Tanitcha !!!!, e desculpas, roubei esta foto.


E Ella Fitzgerald está aqui por conta de um catálogo e ambientação inventada para as fotos de crepúsculos que Tãnia executou. O texto, um dos que mais me orgulho de ter escrito, se perdeu por ai, por conta do meu desleixo. E misturava as fotos dela, Tânia, com Ella, Blue Skyes era uma das músicas que coloquei na trilha da "exposição" inventada.




Por isso, desde já, neste fim de semana tem pajelança especial.

sábado, 21 de novembro de 2009

O que bastava



Tenho a impressão que bastava ter me matriculado num dos cursos do Senac Saúde, aquela unidade que fica na Avenida Tiradentes, no bairro da Ponte Pequena em São Paulo.
Por conta de sua apresentação neste fim de semana na cidade, a cantora Joss Stone, fez umas pequenas exigências, por cantar sempre de pés descalços.
Pedra-pomes, toalhas para os dedinhos e massageador elétrico.
Me bastava ter sentado a bunda no curso de podólogo da unidade e seria, hoje um candidato, ao cargo de podólogo-chefe da turnê da moça. Com direito a mostrar à ela, que não tem sentido essa história de.... massageador elétrico.

e ela ainda canta, Put your hands on me.....




e tem quem ache que o melhor emprego do mundo é cuidar de uma ilha no Pacífico

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Uns nêgo véio

Alguns Ingredientes para formação de um neguinho

ou também

quem sai aos seus não degenera


"Naquele tempo
eu gostava dos Beatles
mas tinha uns nêgo véio
que gostava muito mais
sempre que podia
ia ao campinho
jogar meu futebolzinho
aquelas coisas de rapaz"

eu achava que essa letra era de uma música do Luis Wagner, mas pesquisas dos últimos dias,me deixaram a ver navios,não sei nem o nome e nem quem a cantava. parte da letra aí está




Amany, Ruy, Ayse,Ainah e Solange



















Tio Paulo
Tio Zeze, Tia Ignes
Dindara,Zé Antônio,Adunbi e Solange








músicas para sacolejo










e avós pai e mãe irmã tios tias primos primas amigos

Les Pitacos

A manchete do dia nos jornais franceses não poderia ser outra. Fazem alusão ao gol de Maradona na copa de 86. Criaram a versão francesa para a "Mano de Dios", "Le main de Dieu", sobre a jogada de Henry no gol que classificou a França para a Copa do ano que vem.

Depois de ler um e-mail de Zé Amaral, claro.

Pequena lição de futebol para Gabriel e Tomás

Futebol foi inventado pelos ingleses, aqueles empoladinhos.
_ O que são empoladinhos ?
Perguntem ao papai, se ele não souber, perguntem para a mamãe, ela sabe , e aí é outra lição, elas sempre sabem.
Voltando, foco. Futebol, palavra inglesa, veio de football. Foot = pés, pé, e ball= bola. Só os goleiros podem pegar a bola com as mãos durante as pelejas.
_ O que são pelejas ?
Perguntem ao...vocês já sabem quem.
Alguns esportes são jogados com as mãos. Basquete,vôlei, handbol, sacaram aqui, hand= mão, ball= bola, e boxe. As vezes as modalidades se fundem. Uns jogadores de futebol, pegam com a mão, quando não deviam, chutam outras balls e usam as mãos para "afastar" os companheiros, ou os adversários, gentilezas da contenda. Iiiii, contenda ? Mas continua sendo o famoso e glorioso, esporte bretão.
_ O que são, contenda, e esporte bretão ?
Bem.... vocês sabem.

Avec les pieds


Avec les mains







só para lembrar. o campeonato francês de futebol é um dos mais chatos que existem. e a seleção francesa, exceção um ou outro e com todo seu arregimentado de imigrantes e filhos de, joga um futebol tão chato quanto seu campeonato. os irlandeses,embora sejam reconhecidos por sua retranca secular, são mais divertidos, e mereciam melhor sorte.


40 anos - Milésimo gol de Pelé -Pour les petites enfants



_ Sei lá.....MIL COISAS!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Woody Allen,"um cineasta pequeno"


Na confusão que se formou em torno da opinião de Caetano Veloso sobre Lula, uma outra, passou desapercebida. A opinião dele sobre Woody Allen.
"É um careta, um cineasta pequeno"
"Gay,maconha, rock, tudo isso é deprezado por ele"
"sempre muito anti-sixties. muito hetero."
"um tanto reacionário", são algumas das frases usadas pelo compositor para desfilar sua opinião.
Pois à partir de hoje até o dia 13 de dezembro, já se sabe onde não se trombar com o "artista", "cineasta" e "pensador", Caê.O Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio e em São Paulo,exibem mais de 20 filmes do diretor, desde do começo de sua carreira.
Filmes como, Bananas, O dorminhoco, Manhattan e Hannah e suas irmãs, entre outros, estão na programação
Que se use essa mostra, quem ainda não o fez, para conhecer a obra do cineasta. E também para fugir de Caetano.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Betty, Geisy, Angela e o crack


Para reflexão. Ou de como uma coisa puxa outra




Estou preparando um texto da série Mexendo nos vinis, aqui desse blog. Provavelmente Betty Wright, o álbum, Betty Wright Live. Em meio a pesquisa, fui me lembrando de parte das letras da moça. Falando sobre as mulheres, orientando-as, consolando-as, contando suas histórias.
Uma coisa leva a outra. Me encafifei com o posicionamento de algumas mulheres em relação à moça daUniban. E de Betty Wright, passando por Geisy Arruda, desemboquei em Angela Davis ,senão me engano, então militante do Grupo Panteras Negras, que lutava pelos direitos civis dos negros americanos, me lembro de uma foto de Angela Davis falando para um campus abarrotado, mesmo com o FBI em seu encalço.
Na viagem do pensamento do texto que naquela altura estava perdendo força, me lembrei de um artigo que li num blog, sobre o crack e a mídia.
O texto saiu nesse bom blog aqui: Abundacanalha.blogspot.com. Como ainda não sei abrir o link, colei o artigo na integra, o autor que me desculpe, esperando que vocês o visite se houver interesse.

O crack e a mídia

Nossos jornalões e as TVs descobriram que o crack tem culpados: é o governo Lula e os favelados. Se derrubar o Lula e tacar fogo nas favelas, tudo se resolve. É o que se conclui das recentes reportagens, e o que dizem alguns comentaristas nos portais de notícias. Em nenhuma matéria há um dedo sobre informações históricas sobre essa droga que efetivamente destrói em pouco tempo seus usuários, e que foi criada para acabar com o forte movimento dos Panteras Negras nos EUA, obra do próprio estado americano. Inventei? Teoria da conspiração? Não. Quem disse foi esta mesma mídia gorda em uma série de reportagens do San Jose Mercury News, assinadas pelo valoroso e premiado repórter Gary Webb, em 1996.

Webb seguiu os passos do caso Irã-Contras, um dos momentos em que, por um descuido, a cortina que encobre o sistema é levantada e podemos ver a fábrica de salsichas funcionando. Simplesmente o governo americano, via sua central de inteligência, vendia armas para seu inimigo aiatolá Komeini e arrumava mais um bom troco no mercado negro de drogas. Tudo para financiar os caros mercenários que combatiam a revolução sandinista. Uma revista em Beirute deu o flagra, espanou o mau cheiro e deu em uma longuíssima CPI no Congresso Americano.

O jornalista fez seu trabalho com competência. Seguiu passos de traficantes, deu nomes, mostrou rotas de tráfico que eram do conhecimento da CIA, e exibiu todo o cenário. Depois, a série foi transformada em livro: Dark Alliance: The CIA, the Contras, and the Crack Cocaine Explosion. Bastou para o mundo cair sobre sua cabeça. Foi acusado por todos os lados de usar falsas fontes, de manipular informações, sua vida virou um inferno. Perdeu o emprego e entrou em lista negra na mídia americana. Morreu em 2004. Segundo a polícia e a mídia, foi suicídio.

Claro, a nossa mídia aqui não lembrou do fato agora. É muito complexo entrar em um terreno tão polêmico. Imagina então pesquisar, que absurdo.

Ah, só um detalhe, certamente sem relevância jornalística: Gary Webb cometeu suicídio com dois tiros na cabeça.


Triste !!!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Exposição: Que Viva Leminski


Depois de passar pela Casa da Rosas, parte da obra do polaco Leminski, continua exposta pela cidade de São Paulo. O ambiente da vez é o Sesc Consolação.Tudo sobre a curadoria de Ademir Assunção, poeta e jornalista, que um dia ousou dar página inteira para esse blogueiro aqui na Folha de Londrina. Leminski merece.






Amor bastante


quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
a
basta um instante
e você tem amor bastante
a
um bom poema
leva anos cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

paulo leminski


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Viva para Paulinho da Viola



A história desse negro
é um pouco diferente
não tenho palavras
pra dizer
o que ele sente.
Tudo aquilo que você ouviu
a respeito do que ele fez
serve pra ocultar a verdade
é melhor escutar outra vez



..guarda comigo
o que não é mais segredo
que esse negro
tem histórias,meu irmão
pra fazer um novo enredo.

trechos de: Uma história diferente, de Paulinho da Viola

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sem apagão no radinho


Moro numa região de constantes oscilações de energia. Por isso ontem, quando as luzes se apagaram até achei que era parte da festa, que eu mesmo ainda me fazia, com todos se entrelaçando, acendendo velas, em minha causa.
Com a demora da volta da energia, resolvi recorrer ao indestrutível, radinho de pilha, um dos aparelhos de rádio que mantenho em casa. E recorrendo à prática adquirida, em plantões esportivos, transcrições de rádio para o ECAD, resolvi rodar o dial pelas quatro emissoras noticiosas de São Paulo, Jovem Pan, Eldorado, CBN, Band.
Claro ficou, sem trocadilho, que o serviço de rádio escuta delas, claudica.
A Jovem Pan, tinha repórter em Brasília, por conta da reunião de Lula com governadores a respeito do Pré-sal. Mas também utilizou a participação de ouvintes, como sempre faz.
A Eldorado a mesma coisa,e ao longo da noite trouxe os "especialistas. Se utilizou também dos repórteres da casa.
A Band, foi a primeira que trouxe Edison Lobão, Ministro das Minas e Energia,ainda atarantado e fazendo como fizeram, os "especialistas",culparam Itaipu. E mais tarde, Jorge Samek,Presidente de Itaipu, numa entrevista esclarecedora e definitiva sobre o evento. A Band,também utilizou seus repórteres,com entradas de suas casas, das ruas, ágil.E recebeu mensagens de ouvintes via twitter e celulares.
A CBN, foi a primeira a achar os "especialistas". E por fim, Lúcia Hipólito, que advinhem só, colocou a culpa em quem ? quem?Ganha um sorvete de chicória quem advinhar.
Além de culpar Lula, por baixar o IPI dos produtos de linha branca, o que fez com que "o povo comprasse mais aparelhos eletrônicos", Itaipu foi crucificada, por ser a "única", hidrelétrica para o sudeste, e ela relatava se sentir, nos tempos da caverna.
Com a falação dos "especialistas", foi dando sono. Me lembrei do meu pai e de um tio, que ligam o rádio para dormir, e colocam em estações que o apresentador fale sem parar, para que o sono venha, foi o que fiz.
E de manhã meu radinho de pilha, bravo e indestrutível ainda falava sobre o apagão, ligadaço e companheiro. Agora ele vai descansar.
Ah e pelas próximas semanas teremos que aguentar, os..."especialistas", os piores são aqueles em conluio com a gente do Sistema Globo de Comunicações. Esses nem para me fazer dormir, servem. Mesmo porque, no correr com o dial, detectei em meu radinho, solerte, umas emissoras de ondas curtas e médias, tinha até uma que não identifiquei, tocando uns sambas das antigas. Classe A, Classe A,Nêgo, meu radinho.

obs: à pilha,elétrico, radinho sempre foi radinho, sem acento agudo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

5.1

"Eu quase nada sei. Mas desconfio de muita coisa "
Riobaldo, in Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa







música para sacolejo



a lua estava assim
o sol daquela forma
fazendo-se as contas
escorpião no ocidente
cão no oriente

algumas das músicas,que eu talvez assovie hoje


Desde sempre foi "Pedrão", para amigos colegas e conhecidos. Para minha mãe sempre é Pedro Geraldo,o nome composto escolhido, como os de minha irmã, e de meu irmão.
Gosto quando Teca, aquela que me atura, usa só a primeira sílaba do primeiro nome. Me sinto querido.
Mas agora ganhei status de "Seo" Pedro, o que me coloca no mesmo clube do meu pai. E a única resolução da idade nova ,é de respeitar por aí ,os que me chamam,"Pedrão", Pedro Geraldo, "Pê", "Seo" Pedro.

música para sacolejo


outra resolução, é tentar tomar coragem para fazer aquela Festa sem motivo, e colocar todo mundo para dançar



meus sapatos em brilho
pelo dia mais iluminado
a alma lavada festiva
esperando

meus dentes em riso
pelo dia mais ensolarado
coração colorido de bandeirolas
assoviando

minha mão pedidos
oração curta silenciosa
diz que faz festa,diz.

para sacolejo

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Pitacos Esportivos


Se o seu time está na ponta da tabela,torça para que o mando de jogo dele não mude para o Mineirão.
O Cruzeiro domingo passado, entrou todo empolgado em campo. Torcida vibrando, jogo em cima do Fluminense, gols,dois, e uma virada espetacular do lanterna.
O Atlético Mineiro entrou todo empolgado. Torcida vibrando, jogo em cima do Flamengo. Aqui parênteses. Atlético Mineiro e Flamengo, tem históricos de bons jogos à partir dos anos 80. Mas vibração, sufoco atleticano e gols, dois...do Flamengo, mais um olímpico de Petkovic. 3 x 1 Flamengo e lá se foi a chance de liderar do Atlético Mineiro, o que poderia acontecer com a derrota palmeirense no Maracanã, meio "mandrake", mas derrota.
Blogueiro diletante, nem recorre a bola de cristal, porque o líder agora, é o time acostumado com a ponta da tabela e que saber ganhar jogos com inteligência. Talvez o Flamengo ainda dê uma à disputa. Ao Palmeiras resta reencontrar um pouquinho do futebol que o deixou 19 rodadas à frente dos adversários.

Calango VASCAÍNO
composição de um vascaíno, Martinho da Vila

domingo, 8 de novembro de 2009

O que bastava

Sade Adu
Alinhar ao centro
Me bastava ter sido o camareiro do hotel em Barcelona, onde ela se refugiou,dizem, esperando por alguém que nunca apareceu (N.R. Não é só em instituição universiotária,que sujeitinhos não se dão bem com mulheres). Criando à partir dali uma linha descendente,na vida e na carreira musical dela.
Como camareiro do andar,eu teria entrado pé ante pé,colocado a bandeja de chá numa mesa de canto,aberto um pouco as cortinas. Talvez até,com a permissão dela leria um trecho de T.S. Eliot.

O escuro escuro escuro. Todos mergulham no escuro,
Nos vazios espaços interestelares, no vazio que o
[ vazio inunda,
Capitães, banqueiros, eminentes homens de letras,
Generosos mecenas de arte, estadistas e
[ governantes,
Ilustres funcionários públicos, presidentes de vários
[ comitês,
Magnatas da indústria e pequenos empreiteiros, todos
[ mergulham no escuro,
E escuros o Sol e a Lua, o Almanaque de Gotha,
A Gazeta da Bolsa, o Anuário dos Diretores,
E frio o sentido e perdido o fundamento da ação,
E todos os seguimos no silente funeral,
Funeral de ninguém, pois a ninguém há que enterrar.
Eu disse à minh'alma, fica tranqüila, e deixa baixar o
[ escuro sobre ti,
Pois que aí tudo será treva divina. Como num teatro,
As luzes se apagam para a troca de cenários
Com um côncavo ribombo de asas, com um movimento de treva sobre treva,
E sabemos que as colinas e as árvores, o distante
[ panorama
E a soberba fachada altiva estão sendo arrastados
[ para longe
— Ou quando, no metrô, um trem se demora entre
[ duas estações
E as conversas se animam e lentamente no vazio
[ tombam
E vês por detrás de cada rosto aprofundar-se o vazio
[ mental
Que semeia apenas o crescente terror de nada haver
[ em que pensar;
Ou quando, sob o éter, o pensamento é consciente,
[ mas consciente de nada —
Eu disse à minh'alma, fica tranqüila, e espera sem
[ esperança
Pois a esperança seria esperar pelo equívoco; espera
[ sem amor
Pois o amor seria amar o equívoco; contudo ainda
[ há fé
Mas a fé, o amor e a esperança permanecem todos à
[ espera.
Espera sem pensar, pois que pronta não estás para
[ pensar:
Assim a treva em luz se tornará, e em dança há-de o
[ repouso se tornar.

Neste novembro, com o inferno astral fervendo e quicando na cabeça de neguinho babão, e tristes e equivocadas manifestações pelos trópicos, de ex- intelectuais, que já pediram para serem esquecidos, e outros que sequer deveriam ter sido alcunhados de, é prometida a volta dela em cd. Espero que ela tenha encontrado alguém bacanudo como Leroy Osbourne. Alguém que faça backing vocals swingados e a tire para dançar na vida.




quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Preparando 5.1

1 eu lembro da última pergunta do meu avô
2 eu lembro do iran jogando bola na rua andirá
3 eu lembro do dia em que vi marcello nunes pela primeira vez
4 eu lembro do dia que o adilson me presenteou com cds do paulinho da viola
5 eu lembro que roupa silvia higa vestiu num 15 de novembro dos anos 80
6 eu lembro da doris numa loja da vila madalena
7 eu lembro de caminhar, caminhar,pelo centro da cidade com o sidnei brito
8 eu lembro do dia que levei o jose antonio para ver uns filmes do julio bressane
9 eu lembro quando vi o zé,o irmão da teca,e o edmilson pela primeira vez
10 eu lembro de um sábado em macapá
11 eu lembro da letícia nas mesas da fau-usp
12 eu lembro do paulinho encharcado no pacaembu
13 eu lembro do miguel maia num show da rita lee no ibirapuera
14 eu lembro da vera regina num show do earth wind and fire no ibirapuera
15 eu lembro de uma carta que alcina campos me escreveu
16 eu lembro a primeira vez que vi luciana spegni,rindo,sorrindo
17 eu lembro quando o cardoso disse que o poema escrito às pressas era bom
18 eu lembro de um sábado que passei com marcelo monteiro de melo gravando nosso papo
19 eu lembro de um sábado que a dona odete nos levou à feira do verde de brasília
20 eu lembro quando o josé vieira descia as rampas da puc
21 eu lembro da kátia na faap
22 eu lembro de um 31 de dezembro que só tinha eu na sala de cinema
23 eu lembro de dançar com a erodíades numa festa não sei onde
24 eu lembro de denise e deise,duas gêmeas do primário
25 eu lembro de um gol do serginho,do são paulo no pacaembu
26 eu lembro de jogar bola numa praia do ceará
27 eu lembro do dia que vi romão robles olhando o crepúsculo no prédio da abril
28 eu lembro do desfile da chão de estrelas em londrina
29 eu lembro das conversas com daniel lescano
30 eu lembro da lúcia confirmando que meu poema,escrito às pressas,tinha algum valor
31 eu lembro da viagem com o emílio para o rio de janeiro,para ver o corinthians no maracanã
32 eu lembro da minha avó rosa perguntando se meu cabelo ia ficar grande para sempre
33 eu lembro de um show do djavan que fui com a soninha
34 eu lembro o camarão que fátima fez para mim
35 eu lembro do mauro falando do camisa de vênus
36 eu lembro das meninas do colégio mãe de Deus de Londrina
37 eu lembro do perfume de lúcia amélia
38 eu lembro quando marcilene falou de um cantor de nome, jorge vercilo
39 eu lembro das poucas mas, interessantes conversas com jefferson francisco
40 eu lembro da tãnia grávida do gabriel
41 eu lembro dos aniversários da família da teca
42 eu lembro do show do golpe de estado no centro cultural
43 eu lembro da cristina, então mastrocessário, andando pela rua maria candida
44 eu lembro do domingo que o zé,amaral falou da tânia
45 eu lembro solange
46 eu lembro ainah
47 eu lembro ayse
48 eu lembro amany
49 eu lembro ruy
50 fruto de uma benta pedra carvalho silva,de mesma cor rosa sérgio
51 eu lembro da teca falando.."Então tá...vou pensar "



uma música nada a ver.deu vontade de colá-la aqui. acho que fiquei saudosista. desculpem o excesso de sacarina

Um minuto de silêncio

Claude Lévi-Strauss
1908-2009
Houve um tempo que se dissecava uma letra de música. Tentava-se decifrar mensagens suspeitas contra a censura e o regime militar, mensagens a favor do demo, do partidão, teorias de conspirações, referências.
Debruçar sobre uma letra de música podia abrir um mundo novo, dependendo da curiosidade.
A música Retórica Sentimental é faixa do inspirado àlbum, Era uma vez, o homem e seu tempo, de Belchior, aquele ex-desaparecido.
A letra é uma alegoria quase antropofágica tropicalista. Passando o crivo por ela, pode-se deparar com Carmem Miranda,Os Namorados da Lua,Braguinha, Caetano Veloso,José de Alencar,o escritor, Gonçalves Dias, Rodgers e Hart, e ...Claude Lévi-Strauss.
Mesmo que o leitor da letra, esteja desorientado, ao se deparar com o verso; Diga lá, Tristes Trópicos !, há de perceber em algum lugar da sua alma, que ali, há uma alusão, para alguma coisa, que ele deva conhecer. Ou algo, que por alguma razão, faz parte, da história dele, do vizinho, de outro brasileiro. Um pouco mais de curiosidade e o curioso bate à porta do antropólogo, pelas mãos da canção popular brasileira.
Depois, para mais aprofundamentos, era perguntar para algum professor, algum colega mais inteligente, amigo. Ou então perder a vergonha, achar palavras e pernas, e perguntar para aquela menina com as melhores notas da classe, ou mesmo aquela outra, com notas não tão interessantes, elas geralmente tinham as respostas anotadas em algum caderno. Embora se quisesse, um desejo não manifesto, e politicamente incorreto hoje, que elas, as duas, num dia de ousadia, aparecessem pelos corredores da escola de vestido curto.
Mas aí teria que se entender aquele desejo suspeito e procurar mais referências, talvez em Freud, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro ou Roberto DaMatta e até, Lévi-Strauss.
Mas era outros tempos.Tempo de dissecações, de letras e vestidos curtos.


a letra de Retórica Sentimental

Moro num lugar comum, perto daqui, chamado Brasil.
Feito de três raças tristes, folhas verdes de tabaco
e o guaraná guarani.
Alegria, namorados, alegria de Ceci.
Manequins emocionadas:
- são touradas de Madrid
...que em matéria de palmeira ainda tem o buriti perdido.
Símbolo de nossa adolescência,
signo de nossa inocência índia, sangue tupi.
E por falar no sabiá, o poeta Gonçalves Dias é que sabia...
Sabe lá se não queria
uma Europa bananeira.
- Diga lá, tristes trópicos,
sabiá laranjeiras.
Aliás, meu camarada, o cantor popular falou divinamente:
Deus é uma coisa brasileira, nordestinamente paciente.
Oh! blood moon.