Para reflexão. Ou de como uma coisa puxa outra
Estou preparando um texto da série Mexendo nos vinis, aqui desse blog. Provavelmente Betty Wright, o álbum, Betty Wright Live. Em meio a pesquisa, fui me lembrando de parte das letras da moça. Falando sobre as mulheres, orientando-as, consolando-as, contando suas histórias.
Uma coisa leva a outra. Me encafifei com o posicionamento de algumas mulheres em relação à moça daUniban. E de Betty Wright, passando por Geisy Arruda, desemboquei em Angela Davis ,senão me engano, então militante do Grupo Panteras Negras, que lutava pelos direitos civis dos negros americanos, me lembro de uma foto de Angela Davis falando para um campus abarrotado, mesmo com o FBI em seu encalço.
Na viagem do pensamento do texto que naquela altura estava perdendo força, me lembrei de um artigo que li num blog, sobre o crack e a mídia.
O texto saiu nesse bom blog aqui: Abundacanalha.blogspot.com. Como ainda não sei abrir o link, colei o artigo na integra, o autor que me desculpe, esperando que vocês o visite se houver interesse.
O crack e a mídia
Nossos jornalões e as TVs descobriram que o crack tem culpados: é o governo Lula e os favelados. Se derrubar o Lula e tacar fogo nas favelas, tudo se resolve. É o que se conclui das recentes reportagens, e o que dizem alguns comentaristas nos portais de notícias. Em nenhuma matéria há um dedo sobre informações históricas sobre essa droga que efetivamente destrói em pouco tempo seus usuários, e que foi criada para acabar com o forte movimento dos Panteras Negras nos EUA, obra do próprio estado americano. Inventei? Teoria da conspiração? Não. Quem disse foi esta mesma mídia gorda em uma série de reportagens do San Jose Mercury News, assinadas pelo valoroso e premiado repórter Gary Webb, em 1996.
Webb seguiu os passos do caso Irã-Contras, um dos momentos em que, por um descuido, a cortina que encobre o sistema é levantada e podemos ver a fábrica de salsichas funcionando. Simplesmente o governo americano, via sua central de inteligência, vendia armas para seu inimigo aiatolá Komeini e arrumava mais um bom troco no mercado negro de drogas. Tudo para financiar os caros mercenários que combatiam a revolução sandinista. Uma revista em Beirute deu o flagra, espanou o mau cheiro e deu em uma longuíssima CPI no Congresso Americano.
O jornalista fez seu trabalho com competência. Seguiu passos de traficantes, deu nomes, mostrou rotas de tráfico que eram do conhecimento da CIA, e exibiu todo o cenário. Depois, a série foi transformada em livro: Dark Alliance: The CIA, the Contras, and the Crack Cocaine Explosion. Bastou para o mundo cair sobre sua cabeça. Foi acusado por todos os lados de usar falsas fontes, de manipular informações, sua vida virou um inferno. Perdeu o emprego e entrou em lista negra na mídia americana. Morreu em 2004. Segundo a polícia e a mídia, foi suicídio.
Claro, a nossa mídia aqui não lembrou do fato agora. É muito complexo entrar em um terreno tão polêmico. Imagina então pesquisar, que absurdo.
Ah, só um detalhe, certamente sem relevância jornalística: Gary Webb cometeu suicídio com dois tiros na cabeça.
Triste !!!
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