sábado, 1 de dezembro de 2012

Mexendo nos Vinis - Roberto Carlos





para

José Almeida Amaral JR.
Marcello Nunes
Maria da Paixão
Mário Luiz Brancia
Pedro Novaes da Silva (in memorium)
Rosa Maria de Carvalho Silva
e para um ano "que não foi bolinho"


como nos dizeres bíblicos; NAQUELES TEMPOS, eu peguei uma suspensão de três dias por ter realizado embaixadinhas com uma bolinha de papel e concluir com um sem pulo fazendo a bolinha roçar a barriga grávida da professora Rosana, que acreditava que eu tinha veia artística.

em casa, pelas ruas do bairro e arredores não me lembro de grandes dramas por aquela situação. em casa dava para ouvir no rádio o "Programa da tarde" do Ferreira Martins até o fim e o Roberto Carlos estava com disco novo. a crítica já tinha percebido desde o disco de 72 qual o caminho que o REI seguiria. e andava reticente com o trabalho dele. Ferreira Martins quase sempre terminava seu programa com uma música de Roberto, mas naquela tarde já avisava; "Tem disco novo do Roberto".

a primeira faixa do disco é uma regravação de "Quero que vá tudo para o inferno" com orquestra e um acento mais funkeado da Filadélfia, lembrando que parte do disco foi gravado nos EUA. as rádios escolheram "Além do horizonte" para seduzir os ouvintes. esperava-se pelo especial da tv, havia uma esperança que Tom Jobim aparecesse com Roberto. a Rádio Jovem Pan mandava para o ar uma gravação exclusiva de "Lígia" com Roberto e Tom Jobim, só piano e voz. não vingou.

Roberto apresentou dois temas em espanhol, "Inovidable" e "El humahuaqueño (Carnavalito) e mesmo aqui se percebe o caminho que Roberto pretende seguir. enquanto outros cantores da mpb estão se aproximando de autores latinos pela afeição política e engajamento, Roberto prefere os autores românticos, temas abolerados.

o disco apareceu em casa. tocou na vitrolinha à exaustão. como parte da crítica vi que Roberto estava se cercando de autores que o levava para outro caminho:  Carlos Colla, Isolda e até Benito di Paula. a parceria com Erasmo Carlos parecia mal resolvida. mas havia surpresas por garimpar. Roberto gravara um tema de Beto Ruschell e Cesar das Mercês  que trabalhavam com o grupo Terço.

eu ficaria por ali estudando a letra de "Desenhos na parede" se eu não tivesse ouvido a versão dele para "Mucuripe" de Belchior e Fagner, e não percebesse a leveza de versos como "Aquela estrela é dela/ vida vento vela, leva-me daqui" ou não tivesse deitado os ouvidos atentamente para o arranjo de OLHA que apareceria no especial dele arranjada por um instrumentista que mais tarde alguém lá em casa diria; "Esse negão é bom !", o instrumentista era Paulo Moura. e a letra de OLHA virou tema de uma trilha sonora particular de um roteiro que inventei para esquecer e lembrar de alguém para sempre no meu coração.

mexendo nos vinis, a capa do disco está esfacelada, mas o vinil ainda está intacto. "me traz meu passado e as lembranças, coisas que eu quis ser e não fui"



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