sexta-feira, 29 de março de 2013

Sexta-Feira da Paixão e o livro de Viriato Correa





um dos livros da minha infância foi Cazuza de Viriato Correa. dois exemplares que me lembro circularam pela minha casa. um acho que era de minha irmã e outro de algum parente ou emprestado. não me lembro de nenhum dos meus professores o pedi-lo para leitura e estudos.
em alguns momentos me identifiquei com o personagem. em outros momentos era melhor que a minha vida não fosse nada parecida com a dele. os pais e os professores severos em certos momentos tomam como forma de educação, a agressão física, palmadas e surras de palmatória, um instrumento de pena em escolares de outras eras.
me lembro de um único personagem negro no livro, o Velho Mirigido não me recordo de outro.a presença do Velho parecia  estar ali para assustar os meninos mais levados. outra coisa que me marcou no livro e que me fez ficar ainda mais assustado com qualquer espécie de cobra foi uma das cenas do livro. ela é passada durante a tarde da Sexta-Feira da Paixão. lembremos que em outros tempos a data era respeitada. o silêncio em muitas casas era quase sepulcral. não se ligava rádio, se falava pouco, era um dia de reflexão e luto mesmo.
Cazuza e seus amigos resolvem então aproveitar que todos estariam dormindo depois do almoço ou recolhidos às suas reflexões para se divertiram numa lagoa. chegando lá deparam com uma sucuri almoçando uma vaca. Viriato Correa nos descreve a cena com requinte, assustador. 
Cazuza ficou na memória nunca mais vi o livro. me lembrei dele hoje quando percebi os agito das pessoas pela rua do bairro onde moro, visitas, gritos, falas altas e carros trafegando com som alto com a pior vertente do funk. o Velho Mirigido, aquele que deveria ser velado hoje ou a sucuri bem que podiam aparecer para assustar um pouco essa gente toda hoje.

quinta-feira, 21 de março de 2013

cinema em tarde de outono





"não existe certo ou errado", ele disse. também não há problema em ser saudosista. eu falei de você a sessão de terapia toda. ele me pede que defina felicidade. eu caio pela fenda do tempo numa tarde  de outono, talvez pela estação lá fora, talvez pela moça que sorriu sem medo para mim como você fazia, caí na tarde em que combinamos de assistir  derzu uzala de akira kurosawa. você tinha acabado de comprar um disco da ella fitzgerald no museu do disco e queria mostrá-lo para mim. você sorria tanto que eu inventei ali uma teoria para o ciúme e a inveja. você brilhava mais que a capa amarela do disco. SUNSHINE OF YOUR LOVE. brilhou na tarde de outono. brilhou depois que saímos da sala. pela cidade afora. ruas, estações de metro. e brilha em certas ocasiões em que me pedem parte da definição de FELICIDADE.



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domingo, 10 de março de 2013