segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

LEMBRANÇAS de TARDES QUENTES

Naquele verão quase todos nós tínhamos bicicleta e saímos para explorar outros bairros, e arrumamos confusão com uns japoneses que nos perseguiram até se cansarem.
Naquele verão o time da minha rua venceu pela primeira vez o time da rua do Serginho, um cara chato e habilidoso que nos humilhava, não me lembro quem marcou o único gol, mas me lembro que descemos para a nossa rua cantando, "passou, passou, passou um avião...".
Naquele verão o irmão mais velho de um dos nossos, tinha um disco do Genesis com umas músicas estranhas e palavras complicadas de achar no dicionário. Este irmão também namorava uma das meninas mais bonitas de Londrina, tanto que  concorreu ao Miss Londrina defendendo o Clube Canadá.
Naquele verão nós entramos, uns doze entre meninos e meninas na sessão das 14;30 do Ouro Verde para ver um filme que não foi visto, porque o lanterninha nos expulsou por conta da bagunça.
Naquele verão pulamos o muro da chácara do Mudinho para nos refrescarmos na bica e roubar cana, limão e banana.
Naquele verão eu ganhei meu primeiro beijo. Ela, no quarto todo feminino dela me perguntou com qual olho eu não enxergava,  o tapou  com uma das mãos, e eu fui fechando o outro olho e quando o céu londrinense recebia as nuvens no seu fim de tarde, senti aquele lábio macio de verão.


Nenhum comentário: