sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mexendo nos Vinis- The Doobie Brothers



Flying cloud, o viajandão do Doobie Brothers




O Toninho tinha uma cabelo bem comprido era o camisa 3 do time juvenil do Excelsior onde eu defendia e sonhava com dias melhores com a 5 às costas pelos campinhos de várzea de São Paulo, antes de ficar com medo de cabecear as pelotas.
O Toninho tinha cabelo quase de índio, olhos verdes, parecido com o vocalista do Red Hot Chili Peppers, o também Anthony, Kiedis. O pai dele, o Seo Osvaldo trabalhava na Bandeirantes como fotográfo e fotografava a molecada jogando bola e em outros momentos. O pai dele levava para casa muitos vinis da discoteca da emissora, alguns até com carimbo da oferta da gravadora.
O Toninho mostrava tudo aquilo para quem quisesse. Novidades e velharias na mesma sacola. Muitas vezes os vinis foram parar em casa. E ao pegar nos discos eu ficava imaginando se o Hélio Ribeiro, o Humberto Marçal e êxtase total, se Ferreira Martins, também não tinha manuseado aqueles discos em algum momento. E escondido lá no quarto ficava imitando a locução dos caras, Ferreira principalmente, ao colocar os discos no prato. Pensando que talvez, já que futebol estava ficando fora de questão, se eu trabalhasse no rádio, aquela que me chamava atenção não poderia em algum momento com alguma seleção musical preparada por mim e com minha locução, se mostrar atenta aos meus olhares platônicos.
Assim pensando dois discos demoraram para voltar para a casa do dono, The Captain Fantastic and the Brown Dirty Cowboy do Elton John e What where once vices are now habits do The Doobie Brothers. Este último o quarto disco da carreira do grupo lançado depois de The Captain and Me, que tinha deixado os caras semanas em primeiro lugar nas paradas americanas. A banda misturava folk, country music, gospel em arranjos que me chamaram a atenção e foram também um pouco lições de inglês.
Não há nenhuma virada musical, nenhuma ruptura no àlbum, o rock estava deixando parte da juventude injuriada, certos discos traziam faixas muitos longas e chatas, no disco em questão mesmo Flying cloud é um exemplo do que alguns faziam à època. Só um pivete interessado se encantaria com aquilo quando os amigos estavam indo em outra direção.
Além da citada Flying cloud, a já citada por aqui, entre aquelas dez mais, Black Water, Another park another sunday, primeiro single do disco e a lição de inglês maior, em declaração para aquela uma, Tell what you want and l'll give what you need, que pensei em mandar em bilhete.
Tudo muito certinho e bem conduzido por Tom Johnston que na excursão do disco seguinte sairia do grupo para dar lugar para Michael Mcdonald que imprimiria ao grupo seu acento de soul e jazz.
Devolvi os discos para o Toninho, com dor no coração ja que ele não gostava nem de um nem de outro e nem de quase nenhum daqueles discos levados pelo pai dele. O disco saiu de catálogo e só alguns anos o achei perdido num sebo do centro paulistano, comprei e voltei eufórico para casa, tenho com o disco as mesmas sensações, as mesmas emoções a cada audição.
O Toninho virou pastor evangélico, os Dobbie Brothers, com Tom Johnston de volta se apresentaram ontem no mesmo palco com Michael Mcdonald e Jack Johnson em show pelas vítimas do terremoto do Japão e eu em Sampa mexendo nos vinis preparando mudança de casa, achei o vinil comprada no sebo. Nenhuma mudança, nenhuma ruptura, não me importo.


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