enquanto me serve um pingado a moça da lanchonete vê meu interesse na televisão e me avisa; é novela nova, das seis! no exato instante em que neusa borges aparece na tela sendo abraçada por um bonitinho de plantão que eu já vi num filme polêmico sobre incesto e homossexualismo, cujo nome não sei. neusa borges, quando fora do ar, costuma reclamar por papéis, quando volta é o mesmo, assistente do lar. nunca é diferente para o ator negro brasileiro.
quando foi diferente foi uma grita geral. recentemente colocaram lázaro ramos encantando e cantando mulheres bonitas numa outra novela. a sociedade brasileira mostrou sua face. ramos costuma mostrar a dele, não foge de brigas, tem estofo e programa para ser visto no canal brasil, o espelho. e é um homem bonito.
tanto que ainah carvalho o citou numa faculdade da cidade, onde estuda jornalismo, em detrimento de bonitinhos que abraçariam neusa borges em outras novelas, como caio castro e henri castelli. o voto de ainah causou desconforto.
tivesse lido o artigo de luiz antonio palma e silva para o "debates fundap", ainah poderia acreditar em sociedade plural. mas ela se encaixa em outro ponto do artigo. aquele em que o autor fala do alcance das políticas públicas. as políticas públicas de inclusão na sociedade plural de palma e silva, nem chegaram aos pés de ainah que estudou em escola pública com boas notas e como muitos afro ascendentes procura emprego para pagar uma faculdade particular. políticas públicas dependem de dinheiro público.
dinheiro público que a usp, por exemplo tem. onde segundo e-mail do professor mestre zé amaral, um grupo de 16 alunos de extrema direita se aliou aos skinheads. leia aqui. sou a favor da meritocracia mas quem estuda em escola pública deveria ao final do curso repor para a população de alguma forma os anos de estudo passados às custas do erário público. no entanto numa sociedade de pensamento torto eles querem eliminar a sociedade plural de ainah e palma e silva. e desconhecem no discurso a formação étnica do país. não estão sozinhos.
desconhecem a formação étnica brasileira por exemplo, os publicitários da recente campanha da caixa econômica federal, que nos mostrou um machado de assis, branco. mas aí deve ser culpa até do bom autor. que fez em seus ótimos livros, o que a sociedade sempre faz, escondeu os negros. não colou a mão na ferida como lima barreto. coragem para ser espelhada passou longe.
coragem que precisaremos ter se quisermos viver numa sociedade plural que abarque papéis melhores para neusa borges, lázaro ramos e ainah carvalho.
e a coragem de rosa parker?
atualização:
suprimi a última parte deste post. que falava sobre um programa da oprah winfrey. ao pesquisar melhor, vi que se tratava mais de um boato da internet.
para quem não leu falava de um e-mail que circula por aí de que o estilista tommy hilfiger teria sido convidado pela apresentadora, para se retirar do palco, por ter dito uma frase infeliz, sobre negros, judeus e latinos. oprah e tommy continuam amigos. vejam aqui. e uma das lições é ouvir sensatamente os dois lados de uma história.