quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Boa sorte para você

rascunhando; coisas boas, coisas ruins, coisas boas...

para a mulher com nome de princesa da Família Real Luso-Brasileira, Teresa Cristina


Tina

você só vai entender porque eu começo este post, dedicado para você pela pequena história que conheço do Clube de Regatas Tietê lá no fim, bem no fim.
O Clube de Regatas Tietê é um clube tradicional da cidade de São Paulo, hoje tem duas sedes. A de que vou falar fica na beira do Rio Tietê no bairro da Ponte Pequena.
Nos tempos de rio limpo o clube participava de competições de remo contra o vizinho que se localiza defronte a ele do outro lado do rio, o Clube Esperia. Competia também contra o Germania, o São Paulo que então estava na várzea do Canindé, também na beira do rio e contra aquele clube que fundado por italianos, espanhóis, anarquistas das fábricas paulistanas e do povo e que tirou de um time inglês seu nome e comprou um terreno lá no lado leste da cidade numa curva onde hoje passa a Via Dutra que te leva para o aeroporto, quando você fica aqui nesta cidade cinza, para ganhar força para o voo para seu apartamento em Paris, o Corinthians.
Os negros que frequentavam o Clube Tietê eram talvez seus funcionários e somente estes. Nem sei se algum sócio fazia o que seu irmão fazia comigo me colocando para dentro do Clube Canadá em Londrina.
Um carnaval alguns negros foliões só querendo uma festa foram barrados no Clube Tietê. Alguns pivetes neguinhos perceberam que na casa dos sucessores daquele terreno que era do São Paulo lá na várzea do Canindé, os portugueses da Portuguesa de Desportos, que montaram ali seu estádio e clube, tinham melhor tratamento. E em algumas tardes em suas piscinas puderam confirmar o que os uniformes dos colégios de bairros próximos como Vila Guilherme, Pari, Vila Paiva, Carandiru, escondiam das meninas que chamavam atenção. Não eram ainda as praias europeias mas já era alguma coisa.
A Faculdade Zumbi dos Palmares é oriunda do curso pré-vestibular ligado a Educafro, uma instituição que batalha pela inclusão de negros na vida acadêmica do país. Não sei por qual acordo, a Zumbi dos Palmares está instalada dentro do Clube Tietê, depois de passar pelos bairros da Luz e Barra Funda. O edifício da Faculdade fica no fundão do terreno do clube. Ironia, se antes pelo portão principal eram só os funcionários negros, hoje uma horda discente com mais de 80% de afrodescendentes, passa pelo portão principal de cabeça erguida.
O clube mantem as suas atividades ali, quadras de tênis, piscinas, restaurantes e há ainda uma outra faculdade lá dentro, de Educação Física, com 100% de alunos brancos, fato que já provocou uma reflexão de Joel, aluno do oitavo semestre de Direito da Zumbi e engajado e que contou uma história bonita sobre a Faculdade que logo será contada por aqui.
Uma das coisas, resquício dessa má aceitação do negro ali, é que as aulas da Zumbi, para que os alunos também trabalhem, são ministradas no período noturno e o clube cheio de árvores e caminhos, apaga a iluminação fazendo com que só se perceba as luzes da Marignal Tietê e a da avenida Santos Dumont por onde sai a maioria dos estudantes.

Aqui é que chega a parte que cabe na lembrança que tive de você hoje. Estou na biblioteca. Entro nela quando chego mais cedo. Ao lado dela ficam as quadras de outra escola instalada no clube, a da Escola de Ensino Fundamental. Enquanto esperam os pais, os alunos brincam nas quadras, fazem algazarra pelas dependências do clube. Os ouvindo, tentando cair de cabeça em Bobbio, Kant, Venosa, Miguel Reale, Maria Helena Diniz, os ouvi escolhendo os times. Me lembrei de uma música do Stevie Wonder de um disco duplo que te presentei, o "The secret life of plants", junto com um livro do Fernando Pessoa, "Outside my window"
É que dormir está difícil e tenho tido epifanias, algumas delas com você me aparecendo, para que eu me desculpe. A médica linda com o nome bordado no jaleco, hoje apareceu com um vestido estampado, mais curto e leve decote e fez a mesma coisa que você fez lá no seu quarto londrinense e muito feminino, só que com intenção científica. Tampou meu olho ruim, só não me beijou.
Um passarinho londrinense me disse que você ...me LÊ, uau. Então Beijo e desculpa. Desculpas por tê-la feito me esperar e chorar muito e por dar um rumo dramático para parte de nossas vidas. Desculpas pelos meus delírios químicos que foram me deixando inconveniente e sem norte. Quando falo de você, minha terapeuta abre uma pasta que ela chama de; Como boicotar a própria felicidade por Pedro Geraldo. E reze nessa "igrejinha" aí da Nossa Senhora parisiense na intenção de cinco minutos de sono, tô precisando. Ou senão grava aquele mantra que você recitava às vezes para me segurar no chão:

"Sossega, Menino que não se ama, Sossega.
Relaxa, Menino que não se ama, Relaxa."

Avisa o casal Sarkozy que vou me atrasar para o vinho e reserve uma esteira na areia de Saint Tropez para mim.

Lembrei de desejar Boa sorte prá você
Tenha uma vida delicada.

Beijo delicado

(a.k.a) Pedrão

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