sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mexendo nos Vinis - Big Joe Turner






No momento daquela tarde de sexta em que devia estar desembarcando em Curitiba eu estava entrando no sebo no bairro de Pinheiros onde trabalhava o Vinícius.
Sempre simpático me recebeu com sorrisos,  abraços e discos que segundo ela eram imprescindíveis que eu os levasse para casa ou os ouvisse ali com ele. Então serviu cerveja no lugar do costumeiro vinho e cada disco era acompanhado de uma história. Ajuntou clientes como sempre Um deles  ele avisou que era especial e que eu não devia deixar de levar.Só consegui sair de lá ao fechar. Carregado de discos que não me lembro até hoje quais eram e menos aquele que ele indicara como especial e ainda fui avisado por ele; Pedrão você vai voltar para buscá-lo, Tonto e de carona com uma cliente que mais tarde pararia na minha frente em plena Avenida Paulista e me perguntaria; Se lembra de mim?. Em Curitiba minha imagem corria ralo abaixo. Mas  prometi no dia seguinte que na segunda estaria por lá. 
Hélio Ziskind e Geraldo Leite do paulistano Grupo O Rumo tinham um programa na Rádio Cultura FM aos domingos. Naquele domingo sob horário de verão e um dia longo fui ouvir o programa na casa do supra citado Zé Amaral, o nome do programa era Controle Remoto.
Lá pelas tantas Hélio e Geraldo selecionam uma música que se inicia sem locução alguma, eles só a explicariam ao final, uma música longa. Eu falei; nossa. O Zé  Amaral falou; nossa. Eu me arrepie. O Zé não sei.Decidi que no dia seguinte, segunda, eu voltaria ao sebo e perguntaria ao Vinicius se ele tinha ouvido falar daquele artista e que material ele tinha dele. E ele; Pedrão este disco que você está me falando é este aqui que você não quis levar e me mostrou de novo o disco: The trumpets Kings meet Joe Turner.
O disco é de 1974. Tem só quatro faixas, duas delas longuissimas; l know you love me baby e Tv mama. além delas as outras faixas são, Mornin', noon and night e Tain't nobody biznezz if i do. Turner está acompanhado de músicos que estavam naquele período trabalhando com ele, o guitarrista Pee Wee Crayto,  Jimmy Robins pianista, Chuck Norris baixista e Washington Rucker na bateria.
Em volta deles e de Turner os trompetistas com direito a solos preciosos Dizzy Gillepsie, Roy Eldridge, Harry "Sweets" Edison, e Clark Terry..
O disco tem aquela atmosfera de jam session com o blues na voz deTurner se confraternizando com o jazz nos acentos dos trompetistas.
Certo é que enquanto eu deveria estar cumprindo o prometido eu entrava em casa, tirava o disco do embrulho e colocava o disco para uma audição demorada.
Por um motivo grave e triste e trágico a razão para as idas para Curitiba não existe mais. O sebo em Pinheiros fechou, o Vinícius sumiu levando sua inteligência, cultura, graça e amor pela vida e respeito pelo outro. e  além de algum pó vieram também estas reminiscências quando resolvi ficar mexendo nos vinis.







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