A indústria de filmes pornôs nos EUA, rende milhões de dólares. São cifras altíssimas e, é isso mesmo o nome que se tem que dar, indústria. A premiação anual deles, a AVN, é concorrida e premia os performers em mais de 100 categorias. Na Europa menos mas, a mais branda intolerância européia fêz com que alguns diretores americanos cruzassem o Atlântico e produzissem por lá suas séries, criando um intercâmbio que levou a descoberta de novos astros menos "travados" para a cena pornô americana.
No Brasil, tido como país "sensual", os números poderiam ser melhores, "material" não falta. Mas, se em conversas de bares, entrevistas e lendas, somos desencanados em matéria de sexo, a quatro paredes a história é diferente, e quando o assunto é produção pornô a coisa fica mais complicada.
Ninguém, numa roda de amigos, amigas, aquelas rodas mais descontraídas, confirma interesse em tais produções. Nem ninguém sonha trabalhar na área, mesmo que seja na produção.
De algum tempo para cá, algumas personalidades do meio artístico brasileiro, no limbo, resolveram tentar a "sorte" no meio. Alguns caíram de cabeça, como Alexandre Frota. Já as mulheres, sonhos eróticos da homarada brasileira, como Rita Cadillac, Regininha Poltersgeist, alegaram problemas financeiros e encararam as "camêras" por dinheiro.
Agora parece ser a vez de Leila Lopes, atriz gaúcha, cujo melhor papel na tv foi o da professorinha da novela Rei do gado, da Rede Globo. Ela atuará numa produção do selo Brasileirinhas. Como de costume, o dinheiro foi a desculpa. Mas Leila, na entrevista de confirmação deu tantas desculpas, o que confirma a tese da vergonha de brasileiros "sérios" em relação ao assunto. Ela confirmou que continua com sua carreira de atriz, que o trabalho foi todo "artístico", que ninguém precisa se preucupar, que ela continua "boa gente" e citou as faculdades que fêz. Ridícula.
Tivesse feito uma pesquisa, com mais afinco Leila teria descoberto, que antes dela muita gente do meio "fêz faculdade" e mestrado. Tivesse ela pesquisado, teria descoberto, que Nina Hartley, só para ficar numa performer da velha guarda, tem mais mestrado que ela Leila. Teria descoberto que Lexington Steele saiu de Wall Street para as produções da California, sendo hoje um dos seus melhore realizadores. Tivesse Leila pesquisado, teria descoberto que não precisaria ir muito longe. Valter José, produtor aqui no Brasil, que já ganhou até papel numa curta metragem "sério", "fêz faculdade" e mestrado na USP, em Filosofia, que conversar cinco minutos com o sujeito sobre Kant, não é para qualquer um.
As desculpas mostram o medo de Leila Lopez e outros, de caírem na boca do povo como "sem vergonha" por gostarem "daquilo". Como se gostar "daquilo" fosse feio ou fizesse de qualquer pessoa alguém menos humano, menos responsável ou correto. Nossa sensualidade, nossa virilidade e nossa cordialidade, isso é assunto para antropólogos, é sempre posta à prova nessas horas. Quem quiser que conte outra.
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