sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Carlos Drummond de Andrade

Resíduo(...)
Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio um pouco
ficou, um pouco nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,dragão partido,
flor branca,
ficou um pouco de ruga na vossa testa,
retrato.
(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa o insuportável mau cheiro da memória.

Memória
Amar o perdido
deixa confundido este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.



Milton Nascimento - canção amiga (poema de Drummond)

a favorita do blogueiro aqui. com uma pequena história. conhecia o poema desde os tempos do chamado primeiro grau. aí o milton nascimento o musicou para o clube da esquina 2. ficou mais bonito ainda.o poema também foi tema de discussões em sala de aula e encontros com meu professor de português, o cardoso. aí quando fui fazer o vestibular da faap, quando abro o caderno da prova de português, lá estava o poema. o resto foi fácil.hoje é aniversário do poeta, o drummond. escorpião é fogo.

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