sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sob um céu de pipas

um post utópico


li em dois blogs por aí

"Todas as coisas amáveis, seja boa educação, ou vinho, seja uma comida saborosa, ou aquela música serendipiticamente escutada na rua, um origami, uma detalhe qualquer casual no dia a dia, o sujeito que para de lavar a calçada para eu passar, o bilhete do entregador de jornais se desculpando, tudo isto, é a mesma coisa. É a rejeição da grosseria que desumaniza. Ou como escreveu um outro blogueiro que sigo: "é a humanização dos humanos"




crianças palestinas participam de evento que visava bater o recorde de pipas sendo empinadas ao mesmo tempo.


Projeto: Coisas simples

instalações em salas

Instalação Sob um céu de pipas
- uma sala com pipas, papagaios, quadrados, pandorgas, pendurados no teto.



You think that people would have had enough of silly love song.

as imagens do clip são da excursão do Wings pelos EUA, turnê que resultaria num vinil triplo, o Wings Over America,que rodou muito pela minha humilde vitrolinha, emprestado por um amigo que sumiu no mundo. o clip, que assisti pela primeira vez, em pé diante da tv, pela Tv Cultura , São Paulo, que tinha um programa de clips nos fins de tarde de sábado, antes da MTV, não conto que chorei, porque pega mal para um negão.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Bernie Madoff x Daniel Dantas

Há um episódio emblemático no seriado Law and Order, sobre como as leis americanas tratam os crimes financeiros.
O cidadão cometeu um homicídio.Investigado, caçado, acabou se suicidando para não ser preso. No decorrer das investigações, porém, os policiais descobriram que o crime foi cometido num período de privação de sentidos do homicida. Ele tinha recebido a notícia que investimentos feito por ele, tinham sido manipulados pela corretora a quem confiara o dinheiro. Os policiais retomam as investigações e acabam condenando por participação no homicídio e no suicídio, membros da corretora.
A Constituição americana tem menos artigos que a brasileira. Diz a lenda que no calor de sua formulação, preceitos básicos de governabilidade e comportamento da nação que surgia, foram rabiscados em papel simples. Alinhadas depois à leis, que deixavam pouca brecha para adendos, substitutivos e medidas provisórias. Há enganos, excessos, condenações injustas e corrupção do mesmo jeito. Mas a chance de um infrator pagar pelos seus erros, é muito maior no Tomo Constitucional mais leve. E não há adendos novos para o sujeito condenado. Nada de indulto para ver a mãe, a sobrinha, a vizinha do 42. E não há privilégios. O condenado, mesmo como boa escolaridade, MBA, PhD em Harvard, Yale, Princeton ou Columbia, tem o mesmo tratamento de um deliguente do Bronx. E terá que fazer alianças, para sobreviver, com arianos, negros e latinos.
Bernie Madoff por exemplo.Ele vinha sendo investigado pelo FBI. No olho do furacão da crise econômica americano, foi preso. Deve ter ficado em frente ao juiz poucas vezes. Numa delas soube que a fiança era milionária. Em outra, que estava sob prisão domiciliar e teria que devolver aos crédulos, que lhe confiaram dinheiro e não podia mais mexer nem em suas contas e nem com suas propriedades. Na última vez soube que estava condenado à prisão por 150 anos. Fácil assim. Com leis e prazos sendo respeitados. A semana passada foi transferido para um presídio de Atlanta.
Já sua mulher Ruth Madoff teve que devolver, mais de U$$ 80 milhões, que segundo a justiça pertenciam aos investidores. Sua defesa apelou e perdeu. A corte americana deixou com ela pouco mais de U$$ 2,5 milhões.
Ruth Medoff gosta de objetos de decoração. Talvez já tenha sentido em suas caminhadas pelas caras lojas de decoração de Nova Yorque, o perfume de Tãnia Bulhões. Tãnia Bulhões foi apresentada semana passada aos brasileiros como "decoradora" da zona elegante da cidade de São Paulo. Investigada por burlar o fisco brasileiro, que dorme sob o guarda chuva de um Tomo Constitucional de mais peso, que o americano, embora estejam sempre querendo encorpa-lo mais.Tãnia é da mesma estirpe de Eliana Tranchesi, dona da Daslu e de Cecília Dale, aquela que vende bolinhas de árvores de natal a quase R$ 300, cada. Colunistas sociais ficaram em polvorosa.
Tãnia Bulhões é também da mesma estirpe de Daniel Dantas, de quem voltamos ter notícias nessa semana por conta de mais indiciamentos. Lembrando que esse imbróglio é anterior ao de Bernie Madoff e muitos colunistas brasileiros tomaram as dores do indiciado.
Daniel Dantas também pertence à uma estirpe. A mesma onde mora, Naji Nahas, Mário Garnero e Ricardo Mansur. Cujos filhos costumam namorar modelos e atrizes, emergentes e submersas, e são donos de restaurantes famosos e estrelados e casas noturnas badaladas.
O Tomo Constitucional de mais peso, costuma tratar bem, quem o trata bem na boca do caixa. O cidadão comum costuma fazer coros diante de casos hediondos e juntamente com apresentadores de programas policiais do começo da noite, pedir mais leis, adendos, substitutivos e medidas provisórias, para que o peso da lei alcance certos condenados de antemão, sem saber, que crimes de lesa pátria e bolsos, dão mais prejuízo do que imaginam.
A verdade é que mal reparam, que mesmo uma Nação cidadã sob um Tomo mais leve,mesmo ela com todos seus defeitos,está mais centrada em seus objetivos e princípios básicos. Que passam pela vergonha na cara, educação e comprometimento, de muitos. De qualquer estirpe.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Homem na Lua - 40 anos





toda vez que vejo essas imagens me lembro daqueles que nunca levaram fé nessas aventuras. havia muita teoria sobre as viagens espaciais. até aquela que tudo havia sido feito num estúdio em Hollywood.o fato que ser astronauta, virou item na pauta de opções futuras para a carreira dos moleques de então. Alguns só ficaram mirando a Lua mesmo.

Amizades




São tênues os fios dos relacionamentos. Só a amizade parece ter sido tecida com fios mais nobres. Esse vínculo familiar, sem tradição sanguinea.
Nos últimos dias revi Ponte para Terabithia, e também terminei minha leitura anual de As Brasas, do escritor húngaro Sándor Márai. Os dois trabalham o tema com um delicadeza desconcertante. Trecho do livro:
"Viveram lado a lado desde o primeiro instante, como gêmeos no útero materno. Não precisaram fazer pactos de amizade como costumam fazer os garotos dessa idade, que se lançam com paixão e onstentação a rituais ridículos e solenes, dessa forma insconsciente e grotesca com que o desejo se manifesta entre os homens, qunado decidem pela pela primeira vez arrancar do resto do mundo o corpo e alma de outra pessoa para possuí-la com exclusividade. O sentido do amor e da amizade estava todo ali. A amizade deles era séria e silenciosa como todos os grandes sentimentos destinados a durar uma vida inteira. E como todos os grandes sentimentos, também continha certa dose de pudor e culpa. Ninguém pode se apropriar impunemente de uma pessoa, subtraindo-a de todas as outras."



no mais em silêncio, é possível admirá-las. apesar das benvindas provocações. amizade e amor. maturando o homem. meninos, bah, diriam elas. com certa razão.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Aquela cançao do Roberto

O show deixou claro que Roberto Carlos é rei pela sua produção das duas primeiras décadas de carreira. O público vibrou com “Detalhes,” “Como é grande o meu amor por você,” “Eu te amo, eu te amo, eu te amo” e “Outra vez.” Do começo dos anos 80 é o hino dele, "Emoções," mas daí em diante impera a mesmice que caracteriza as décadas seguintes até os dias de hoje. Jamari França, crítico musical

era um acontecimento.já tínhamos advinhado o conteúdo do pacote nas mãos do meu pai.uma certa tensão alegre tomava conta da casa, de nós. as irmãs queriam advinhar, como Ele estaria na foto da capa. eu e meus irmãos, queríamos saber das roupas.minha mãe falava das letras e meu pai lembrava os arranjos, eles eram importantes, dizia.
o jantar, porque tudo acontecia, antes e depois de um jantar de dezembro, corria apressado. a comida descia depressa, sem mastigo quase.
após o jantar, o ritual da retirada do papel que envolvia o disco, o lp.tudo acompanhado de suspiros e silêncios.o único mais tranquilo, era meu pai, por já ter visto, capa e talvez até ouvido na loja algumas faixas do disco. mesmo assim ficava calado para acompanhar as considerações familiares.
o lp passava de mão em mão depois de aberto. minhas irmãs achavam que Ele estava mais lindo, eu e meus irmãos achávamos que a calça jeans combinava conosco.um ano eu quis saber, que praia era aquela onde Ele estava sentado na foto da capa, mexendo na areia. depois disso era a audição.cada música saboreada, cada refrão repetido e escolha daquela que teria nossa cara pelos próximos meses.
num ano mais velhos, ficamos horas debatendo um trecho de uma letra, "coisas da vida/choque de opiniões". houve quem tivesse ouvido "só que chovia". que causou risadas e gozações por muito tempo.
Ele foi se modificando. minhas irmãs casando com outros ídolos em seus corações, meus irmãos e eu, indo para o mundo também. minha mãe ficando cada vez mais triste e meu pai sumindo na paisagem, ficando invisível.
só lembrávamos d'Ele porque a tv o trazia até nós, quase sempre no fim de ano. mas já não nos reuníamos para esperá-Lo como antes. aquela tensão alegre dos dezembros, tinha ido embora.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Erasmo Carlos


O mais recente trabalho de Erasmo Carlos chama-se Rock'n'roll. Roberto Carlos aguardado não foi ao lançamento numa livraria carioca. O material reafirma para novos ouvintes, o trabalho que Erasmo faz para manter sua veia roqueira
Como tem feito ultimamnete, Erasmo tem tido mais apoio dos novos compositores e de outros artistas, do que do velho amigo. Em seu trabalho novo, reforça-se as parcerias com Nando Reis e Nelson Motta por exemplo.
Erasmo não tem o mesmo público do mais famoso parceiro. Nem poderia, Erasmo se arrisca mais, depois de terminada a Jovem Guarda, teve seus trabalhos admirados por fãs do samba-rock, soul brasileiro e retoma sempre como referência para outros compositores, e muitas das letras atribuídas a parceria percebe-se ser do espírito mais dele do que de Roberto.
Seus trabalhos mostram letras mais apuradas, e mesmo as mais românticas não teem a dose de sacarina injetada nas cantadas por Roberto. Erasmo não se perdeu. E é até esquecido.
Roberto não o tinha convidado para nada nos últimos tempos, e ele foi se virar sózinho. Antes de Rock'n'roll, tinha sido brindado com participações na série Erasmo convida, com gente como Chico Buarque e Marisa Monte, com quem até compôs.Seus trabalhos pós Jovem Guarda também foram reeditados e novamente pode-se perceber, que embora não tenha a pomba do amigo famoso, a consistência sonora é de primeira.
Talvez por isso tenha se emocionado nesse fim de semana. Foi reverenciado por aquele, a quem apresentou o rock'n'roll, depois de ser escurraçado da Bossa Nova como imitador barato de João Gilberto. Rock'n'roll, que faria a diferença na música de Roberto e na vida da música brasileira. As lágrimas de Roberto talvez beirassem ao agradecimento e à um pedido de desculpa. Ou a simples constatação, Rock'n'roll, quem manda bem é Erasmo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

"Beber" o Michael


No interior do Brasil, costuma-se "beber" o morto. Em volta do morto ou de sua casa, bebe-se garrafas de cachaça, de qualquer alambique e conta-se passagens, de preferência as engraçadas, da vida do defunto.
Se morasse no interior do Brasil, Michael Jackson seria "bebido" e os habitantes ririam, do nariz novo dele, da pele nova e de outras palhaçadas.
Mas Michael é americano, e é um dos símbolos da "América". Assim como um dos patrocinadores do mega velório do cantor, a Coca Cola. Cachaça não, ou uísque de alambiques de fundo de quintal do Kentucky. Nada, nem aquelas bandinhas, comum em New Orleans, nada disso, estão "bebendo" Michael com refrigerante diante do mundo, e em vez das passagens engraçadas, ficamos cada vez mais tristes, com a sucessão de desrespeito. Como no livro de Jorge Amado, A morte de Quincas Berro D'água, é a Morte da Morte de Michael.
Além de ingressos para ver defunto, ingressos vendidos à preços exorbitantes, patrocinadores, Ô vida ! ou Ô morte ! o que foi feito daquelas manifestações populares, com filas indianas enormes, circundadas por cerquinhas montadas, para que a população visse pela última vez seus ídolos por segundos.
E aquele nobre sentimento de gratidão, amizade,carinho pela passagem do morto em nossa existência ? Sinais dos tempos. Vende-se sentimentos e lugares em eventos fúnebres, com direito de imagens, transmissões exclusivas e dizem com até show de Mariah Carey, que deve comparecer com um daqueles seus vestidinhos curtinhos, nada contra, mas. A vida Reality Show ou agora, a "morte" reality.
Outra. Morreu enterra, crema e fim de papo. Fiquemos cá nós, com nossas atribuições, dúvidas sobre nossa existência, vida aflitiva e com as boas lembranças da passagem da pessoa, que se vai.
Pagar para ir à um velório ? Nem morto !



Atualizado: recebi duas cutucadas

1. me disseram que foi tudo de bom, o velório. acredito. não sou contra homenagens fúnebres, e certas culturas trabalham este tipo de serviços muito bem. reverenciando mais a vida,acho bonito. e os americanos fazem essas reverências, celebrar em vez de chorar. foi lindo disseram, e não tenho como não acreditar.
2. e que a mariah carey não estava de vestido curtíssimo. aí eu já acho uma pena.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pajelança para 4 de julho

Seq. 1 - interna
homem. (plano americano). depoimento para a camêra.
_ Eu já contei essa história mastrocessárias vezes. Eu queria escrever uma carta para ela. Tinha acabado de sair do cinema. Assisti ao filme sózinho. E eu tinha tanto para dizer.Fui escrevendo, escrevendo, escrevendo.Tudo à mão. Desenhos, colagens.Quando vi parecia um jornal, um pasquim. Nomei "Rua de Lazer". Demorei para entregar. Começava com..."Oi coração...", uma brincadeira com a letra do Chico Buarque de Bye bye Brasil. E eu tinha visto o Egberto Gismonti encartar em seus discos,um jornalzinho, veio daí.

Seq.2 - externa/ônibus
homem.mulher. conversam.riem.olham a paisagem

Seq. 3 interna
homem. rosto.(close). abre os olhos.voz de mulher em off
_ Piter !

Seq. 4 - interna
um palco. um microfone. um mestre de cerimõnias. palmas da pláteia. mestre de cerimônias anuncia nome.
_ Sras e Sres, Pedro Geraldo



Seq. 5 - interna
homem recitação.perfil. close.
"com o tempo a voz foi ficando rouca, quase afõnica. uma voz miúda. só sentida pelos ouvidos dos cães, loucos, algumas crianças e um insistente anjo que ainda acredita nele. alguns sãos, quando ele aparece, tentam ver nele aquele profeta, aquele artista, aquele poeta.

Seq. 6 - interna
mesma situação seq. 1
_ Era uma carta com muitas palavras. Poucas das muitas que eu sempre quis escrever para ela desde então.


Seq. 7 - externa
homem. mulher. caminham.(plano geral). mulher fala.
_ eu pendurei o "Rua.." na parede do meu quarto !

Seq. 8 - interna

sala de aula. pequena algazarra. professor de frente para a classe.gesticulando.
_Eu quero clímax, reviravoltas.


Seq. 9 - interna
homem. recitação.perfil .close
_ Num tempo a estrada bifurcou. Tomaram direções diferentes. Ele nunca deixa que ela entre na bruma do esquecimento. Uma vez por ano ele volta ao entroncamento, onde a viu pela última vez. E deixa depositado ali, seu pequeno legado de oferendas.

Seq. 10 - externa/ônibus
mulher sózinha. olhando a pisagem

Seq. 11 - interna
homem. recitação.perfil.close.
_ São 365 palavras. 365 flores. 365 orações. Orações ditas em voz sibilada. Entregues à anjos e deuses. Ouvidas pelos cães loucos, crianças e pelo insistente anjo que o acompanha.

Seq. 12 - interna
mesma situação seq. 1
_ Palavras. Era o que tinha.

Seq. 12 - externa/ônibus

homem sózinho. banco do corredor. voz de mulher em off
_ Piter !

Seq. 14 - caracteres

Quando trago
aquecido em mim
os nomes
de quem
perpetuo.

Seq. 15 - externa
homem de costas. levantando os braços aos poucos. grita.

Seq. 16 - Fade in.voz de homem em off
_ A colcha com teu nome bordado, na sacada da minha memória.


qualquer semelhança com situações com pessoas vivas ou muito vivas, bem vocês sabem. lembrando que isso aqui é só uma tentativa, na brincadeira sem pretensões profissionais, emocionais, acadêmicas, é somente uma pequena homenagem.