Há um episódio emblemático no seriado
Law and Order, sobre como as leis americanas tratam os crimes financeiros.
O cidadão cometeu um homicídio.Investigado, caçado, acabou se suicidando para não ser preso. No decorrer das investigações, porém, os policiais descobriram que o crime foi cometido num período de privação de sentidos do homicida. Ele tinha recebido a notícia que investimentos feito por ele, tinham sido manipulados pela corretora a quem confiara o dinheiro. Os policiais retomam as investigações e acabam condenando por participação no homicídio e no suicídio, membros da corretora.
A Constituição americana tem menos artigos que a brasileira. Diz a lenda que no calor de sua formulação, preceitos básicos de governabilidade e comportamento da nação que surgia, foram rabiscados em papel simples. Alinhadas depois à leis, que deixavam pouca brecha para adendos, substitutivos e medidas provisórias. Há enganos, excessos, condenações injustas e corrupção do mesmo jeito. Mas a chance de um infrator pagar pelos seus erros, é muito maior no Tomo Constitucional mais leve. E não há adendos novos para o sujeito condenado. Nada de indulto para ver a mãe, a sobrinha, a vizinha do 42. E não há privilégios. O condenado, mesmo como boa escolaridade, MBA, PhD em Harvard, Yale, Princeton ou Columbia, tem o mesmo tratamento de um deliguente do Bronx. E terá que fazer alianças, para sobreviver, com arianos, negros e latinos.
Bernie Madoff por exemplo.Ele vinha sendo investigado pelo FBI. No olho do furacão da crise econômica americano, foi preso. Deve ter ficado em frente ao juiz poucas vezes. Numa delas soube que a fiança era milionária. Em outra, que estava sob prisão domiciliar e teria que devolver aos crédulos, que lhe confiaram dinheiro e não podia mais mexer nem em suas contas e nem com suas propriedades. Na última vez soube que estava condenado à prisão por 150 anos. Fácil assim. Com leis e prazos sendo respeitados. A semana passada foi transferido para um presídio de Atlanta.
Já sua mulher Ruth Madoff teve que devolver, mais de U$$ 80 milhões, que segundo a justiça pertenciam aos investidores. Sua defesa apelou e perdeu. A corte americana deixou com ela pouco mais de U$$ 2,5 milhões.
Ruth Medoff gosta de objetos de decoração. Talvez já tenha sentido em suas caminhadas pelas caras lojas de decoração de Nova Yorque, o perfume de Tãnia Bulhões. Tãnia Bulhões foi apresentada semana passada aos brasileiros como "decoradora" da zona elegante da cidade de São Paulo. Investigada por burlar o fisco brasileiro, que dorme sob o guarda chuva de um Tomo Constitucional de mais peso, que o americano, embora estejam sempre querendo encorpa-lo mais.Tãnia é da mesma estirpe de Eliana Tranchesi, dona da Daslu e de Cecília Dale, aquela que vende bolinhas de árvores de natal a quase R$ 300, cada. Colunistas sociais ficaram em polvorosa.
Tãnia Bulhões é também da mesma estirpe de Daniel Dantas, de quem voltamos ter notícias nessa semana por conta de mais indiciamentos. Lembrando que esse imbróglio é anterior ao de Bernie Madoff e muitos colunistas brasileiros tomaram as dores do indiciado.
Daniel Dantas também pertence à uma estirpe. A mesma onde mora, Naji Nahas, Mário Garnero e Ricardo Mansur. Cujos filhos costumam namorar modelos e atrizes, emergentes e submersas, e são donos de restaurantes famosos e estrelados e casas noturnas badaladas.
O Tomo Constitucional de mais peso, costuma tratar bem, quem o trata bem na boca do caixa. O cidadão comum costuma fazer coros diante de casos hediondos e juntamente com apresentadores de programas policiais do começo da noite, pedir mais leis, adendos, substitutivos e medidas provisórias, para que o peso da lei alcance certos condenados de antemão, sem saber, que crimes de lesa pátria e bolsos, dão mais prejuízo do que imaginam.
A verdade é que mal reparam, que mesmo uma Nação cidadã sob um Tomo mais leve,mesmo ela com todos seus defeitos,está mais centrada em seus objetivos e princípios básicos. Que passam pela vergonha na cara, educação e comprometimento, de muitos. De qualquer estirpe.