sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Mexendo nos vinis


O lp que não ganhei


para um sujeito ser descolado no fim dos 70, começo dos 80, era ainda preciso o rádio am. Duas emissoras paulistanas, buscavam a audiência dos mais jovens, Difusora e Excelsior. Se dar bem em conversas e com certas meninas da escola dependiam da escolha de uma delas. Me lembro de uma garota do meu tempo de colégio, que fez chegar a mim um bilhete, pedindo que eu ligasse para a Difusora para pedir uma certa música para ela. Não liguei mas, dias depois ela namorava um amigo meu. Será que ele ligou ?
Não liguei também porque não tínhamos telefone em casa, os tempos de telefonia eram outros. E se eu quisesse qualquer contato via fone com alguém, era preciso um estoque de fichas. Pois foi contando com elas, e com minha carreira até o orelhão e a sorte de não ter ninguém o usando que entrei na disputa por um lp do Beto Guedes, oferecido pela Difusora, no horário do Darcio Arruda. Depois de alguns sinais de ocupado, o telefone deu sinal de desocupado, e do outro lado alguém, depois de identificar a rádio, perguntar meu nome, mandou de lá. Pedro, o disco do Beto Guedes já foi, você quer o compacto do Chris Rea ? Quem ? Chris Rea, estamos tocando uma música dele, você não ouviu ? Desculpa não ouvi ainda. E eu sei o nome do disco do Beto Guedes.Tudo bem mas, o Chris Rea é bacana, e nós vamos ter o prazer de dá-lo à você. Agradeci, dei nome e tudo e fui tentar ouvir o cara que era bacana segundo o funcionário da rádio. E fui buscar o compacto dias depois, patrocinado pela grana de minha irmã.
Mexendo nos vinis não achei o compacto do Chris Rea, mas achei vários do Beto Guedes, que comprei com a grana que sobrava dos salários, inclusive o segundo lp dele, o Amor de índio, aquele que não ganhei da Difusora e cuja faixa título recitei certa feita para uma declaração de amor em plena rua. Se deu certo? Tão certo quanto a carreira do Chris Rea, o cara bacana.

Chris Rea, o cara bacana, what a fool believes ?

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