terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vida Nova, imprimindo novos rumos





Uma história em duas partes



O céu depois da chuva



sonho recorrente


a primeira sensação é boa, gostosa. parece um encontro com essa mulher, cujo rosto não vejo mas, que me perdoou por alguma coisa e aceitou me encontrar. a sensação, gostosa, do encontro, do perdão e de conhecê-la embora ela parece também mudar de rosto e ser tantas que eu conheci. tantos perdões. é um dia claro. parece um piquenique. eu tenho flores para essa mulher. me sento ao lado dela.
conheço a voz, o rosto não vejo mas parece ser de muitos, muitas. a coisa muda quando ela me pergunta.

o que voce está fazendo aqui ?

neste momento entro naquele sonho de direito universal adquirido pela humanidade, estou em pleno ar, caindo sem paraquedas. caindo, caindo. acho que me salvo e depois duvido. me dou conta que é sonho e depois duvido. e duvido mais quando esse outro personagem aparece e me pergunta, eu já sem aquela sensação gostosa do perdão. do encontro.

o que voce fez com o presente que eu te dei ?

pesadelo agora. sei que gritei. acordo suado. minha morte ?
freud, jung explicam. a terapeuta assinou embaixo. a morte nos sonhos não é sinal de coisa ruim. pode significar, mudanças.

a mulher cujo rosto não indentifico voltou para a vida real. volto para a vida real. e nela mudado, vou precisar marcar encontros para pedir perdão e realizar novos sonhos. mudanças.

acordei de um pesadelo sábado último. quando voltei para o sono. um homem soltava balões coloridos num céu muito claro e azul. uma mão macia me era estendida. mudanças.



Perspectivas para um Pivete Neguinho - Quase epílogo


2.

fim de ano letivo. colégio vazio. as notas estão afixadas na parede. uns textos meus, primários, já frequentaram aquele espaço. olho primeiro as notas da classe dela só para confirmar o que eu já sabia. o ano que vem se eu quiser vê-la passar, devo ir até a porta do padre vieira no bairro de santana ou no salete no mesmo bairro. para o ceca(casimiro de abreu) ela não irá. o rádio da cantina está ligado como sempre na rádio bandeirantes. é onde ouço o fim do programa do ferreira martins quando chego no colégio. na cantina, alice está ajudando a mãe dela a recolher parte do estoque, ela também vai sair do colegio. ainda não dançamos a única música de nossas vidas. reparo, que a menina que me chamava atenção e estudava em outra classe, cuja casa na Vila Paiva, eu conseguia ver dos campinhos de várzea do Carandiru quando a bola ia para a lateral, está num dos bancos, de vestidinho estampado e com as mãos ocupadas com algum papel. não reparo no bedel às minhas costas. você viu quem está ali ? ele reparou que eu reparo nela, outra história. vai lá, se despede ao menos dela. vou. a voz do ferreira martins entra pelo pátio anunciando a próxima música, "Johnny Nash, I can see cleary now "...que começava a reverberar nas paredes e no quase vazio do pátio interno e o transforma num cenário lisérgico. reparo em tudo para guardar no album que criei dela em minha memória. as sandálias, os pés cruzados com as unhas sem esmalte, as pequenas flores do estampado vestido, o papel das mãos, embalagem de um bombom o penteado preso em rabo de cavalo com elástico como ela sempre usava e o rosto levantando aos poucos ao ouvir minha chegada. oi parabéns, voce passou. voce também, parabéns. sorriso matador, balançada de cabeça para a direita e aquele rosto decorado, imprimido para todo sempre na memória. vou para o padre antonio vieira. bacana. to com medo. nao precisa ter medo (hum, quem fala), voce acha ? não. vai em frente.voce é corajoso (hum, minto bem). mais sorriso e mais balançada de cabeça. alice chega. vamos ? vamos, ela. ah parabéns pedro, voce passou, eu vi.obrigado. antes de se levantar, ela arruma alguns fios soltos do penteado atrás da orelha . me dá um abraço. seja feliz. escreva muito. pele macia, lábio macio no meu rosto. tchau. outro beijo de alice. tem bailinho sábado, vai? nós ainda não sabemos que dançaremos a mais improvável música. e que vou sentir aquele corpo e o perfume dela por muito tempo. tchau. felicidades. elas saem. reparo no que não gosto em despedidas, as costas das pessoas. elas encontram o bedel, o cumprimentam e saem. ele vem em minha direção. tenho um nó em minha garganta.e ai? tchau seu romeu, até o ano que vem. pedro e o meu abraço menino ? não dá seu romeu, vou chorar na rua. vem cá menino me dá um abraço. vida nova meu filho.vida nova.










P.S.

no post anterior eu disse que o nome do quadro no programa do luiz carlos saroldi era, as dez músicas que fizeram sua cabeça. não era. o quadro se chamava, as músicas que marcaram minha vida. o título colocado era de um programa da cultura-am em são paulo.

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