quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Não necessariamente uma história


primavera blues

as flores da segunda e da quinta, pareciam sempre com as cores mais vivas. ela sempre trazia um ramalhete delas para nossa casa. tinha um perfume cítrico, que afastava meu irmão mais novo dela. quase sempre. e quando ela precisava fazer com que ele tomasse banho, ele se escondia.
dizia que queria namorar um homem, que lhe desse flores, sempre. não precisava ser bonito, só dar lhe flores. e ter bom humor.
muitas vezes depois dos afazeres, ela fazia um café, lia alguma coisa e ficava pensativa, segurando a xícara, a caneca, ou que estivesse a mão para que ela tomasse o café. cantava sempre, muito.


aprendi uma palavra nova, glamour. a moça bonita do curso de origami me disse que é francesa, e quis saber como eu aprendi aquela palavra. disse à ela, que veio de onde vieram todas as outras que aprendi. do lixo que recolho pelas ruas. dos livros, jornais e revistas que pego. depois de gostar das fotografias comecei à me interessar pelas letras. todo mundo pensa que quem recolhe lixo não tem a mínima sensibilidade. até mesmo fazer um curso de origami parece, um outro ser, num mundo estranho. agora sei fazer flores em dobraduras. dá para fazer uma por dia. ficam bonitas. dá vontade de presenteá-las. tenho orgulho delas, e do café que faço depois da labuta.



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