sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Belas Artes



nunca soube ler o olhar de interesse feminino sobre mim. passei muitas vezes batido por andar com o olhar baixo. e só o percebi quando cutucado pelos amigos. olhei mais de soslaio do que encarando, silencioso e inseguro.
mas aquele olhar parecia atencioso comigo e curioso. a fala também era curiosa, cheia de perguntas, sobre meus discos, livros, família e amigos. depois de caminhadas, muitas silenciosas, um outro encontro.
combinamos de assistir um filme no cine Belas Artes, foi proposital. queria me passar por um cara intelectual, cheio de sensibilidades. era a cereja do bolo, pensava. Ela apareceu linda, saindo de uma sombra para as luzes da Paulista. imagem de filme mesmo.
depois do filme um complemento alimentar, o sujinho, "O Bar das Putas" ou o jota´s. num ritual que seria praxe nas nossas idas ao cinema e ao Belas Artes em especial, fora as livrarias e as lojas de discos. o jota´s já era, as livrarias viraram mega livrarias e as lojas de discos sumiram. o sujinho resiste, tem até filial do outro lado da rua. o Belas Artes, vai fechar, se não for conseguido seu tombamento.
outros momentos "históricos" parecem que só resistem em nossa memória mesmo.
sem o menor compromisso e seguindo seu curso em avalanches, as coisas parecem mesmo desbarrancar com as enxurradas da natureza e de nossas lágrimas.

Se cuidem.

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