sexta-feira, 25 de março de 2011

Pedaços do século xx


A Rádio Eldorado am, tinha uma programação séria. Seus locutores com voz muito grave, quase não se permitiam nenhuma graça. Era como se em vez de lermos o jornal Estadão, de quem era o braço radiofônico, o ouvíssemos, com aqueles editorias pesados.
Estevam Sangirardi certa vez no seu Show de Rádio então na Jovem Pan, fez graça com os locutores da casa, os colocou na voz de Odair Batista, transmitindo um jogo de futebol, numa ocasião em que a Rádio Camanducaia não pode fazê-lo, um clássico.
Os mais velhos, acho gostavam da Bandeirantes, Globo, Tupi. Os mais novos, se podiam mexer no rádio, ou acompanhavam os mais velhos ou mudavam para Excelsior ou Difusora, embora, qualquer rádio naquele tempo, fosse transmissora de novidades musicais.
A programação musical da Eldorado am era quase de jazz, orquestras, um ou outro tema popular. A Rádio tinha um bom estúdio no centro da cidade de São Paulo, mais aproveitado pelos artistas do que pela casa. Podia-se ouvir por lá um labo b de um disco bom.
Com a chegada da banda de fm e sua popularização, a Eldorado ganhou o prefixo, 92,9 mhz. Rocks menos pesado, mpb mais clássica, bossa nova à exaustão, jazz mais assimilável e algum r&b, uma programação diferenciada e de qualidade .
A banda am da rádio ainda sobreviveu com alguma música na madrugada. Foi assim nos anos 80 e 90 até definitivamente virar uma emissora jornalística.
A banda fm sobrevive com bons programas especiais, casos do Sala dos professores, Jazzmasters, Trip Fm e algum acerto do programador no Reserva Eldorado mas tem muita repetição para uma emissora de 53 anos e com uma discoteca que deve abarcar estilos dos mais interessantes e esqueceu de vez do bom estúdio no centro da cidade.
No próximo domingo as duas Eldorados como as conhecemos parece, deixa de existir. Vai virar mais esportiva em associação com a ESPN Brasil. Não é a primeira tentativa de emissora am em São Paulo de ser só esportiva. A Gazeta am já fez esta tentativa. Mas pecou ao pensar que só futebol resolvesse a questão e tinha poucos profissionais.
O certo é que cada vez mais o mundo no qual muitos cresceram e se formaram vai perdendo seu desenho. Mesmo achando graça de Sangirardi com os locutores da Eldorado sabia-se que se virássemos o dial, eles podiam estar por lá para nos orientar numa coisa ou outra. Quem ouviu, ouviu.

atualizando: a banda fm da Eldorado vai para os 107,3 mhz, ex-Brasil 2000, onde a voz maviosa desse blogueiro já desfilou seus graves e discos riscados ao lado de um amigo supra citado por aqui.




o Cine Londrina recebeu uma tela de 70mm, grandona. a grana para o cinema veio daqueles minutos na banca de jornal do pai. "Tá na hora, vai", disse o pai, era a deixa, o menino podia correr até um dos cinemas da cidade, eram cinco e ele os conhecia. Era o único menor por lá na programação de filmes clássicos para a inauguração da telona.
Ele na segunda fila apoiando o queixo na primeira parecia dentro do filme, até ela aparecer com a carona na telona encarando o menino, que já sabia da sua reação diante da beleza. a mesma tristeza que ele sentiu nessa semana.


O desenho do Século XX cada vez mais se desbotando.

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