quarta-feira, 17 de março de 2010

Mexendo nos vinis - Especial


para Zé Amaral



Não me lembro quando compartibilizamos o corpo feminino. Mas ele me perguntou primeiro que parte eu olhava ao reparar numa mulher. Para não parecer mais pervertido do que já era, menti e resolvi dar uma de sujeito intelectual e meio blasé respondi, a boca. E assim ficou. E ele me respondeu, o pé. Na hora achei duas coisas. Ele me respondia aquilo porque Henfil, um dos cartunistas que ele gostava, e de quem tinha até alguns traços parecidos ao desenhar, tinha declarado que gostava de pés, e outra, ele também estava mentindo, no auge de nossa euforia adolescente. Mais tarde achei ser coisa de pisciano, pois Marcello Nunes, um pisciano de 18 de março, também gosta de pés e vive me cutucando nas ruas, ao passar das mulheres com sandálias,Cê viu Pedrão, viu ?
Com ele também acontecia esse movimento. Se eu via o que parecia um pé interessante o cutucava e ele se via uma boca, me falava. E sei lá devo ter falado de Carly Simon em algum momento. Tanto que ele me presenteou com um disco da moça, o Torch, que vem a ser o primeiro dela com standarts de canções americanas, como Body and Soul, Hurt, entre outras.
Fim de tarde desses, duas mulheres conversam perto de mim, sobre música. Lá pelas tantas, reparo nos lábios de uma delas, bem contornado pelo batom discreto. Na outra resolvi olhar os pés. O assunto delas, Carly Simon. Sabiam até que a cantora se recupera de um câncer. Mas falavam principalmente dos recentes trabalhos dela, recheados de regravações de standarts e canções pop. Na minha brincadeira de voyeur escutador de conversa alheia, lembrei do amigo.
Chegando em casa e mexendo nos vinis, achei o Torch, presente do Zé, que diga-se veio com um requinte de crueldade. Ele colocou junto ao disco um artigo, escrito pelo jornalista Pepe Escobar sem a foto da cantora, e ainda escreveu num espaço do recorte, que a foto ficava com ele. O recorte ainda está junto ao disco. A capa do vinil está recheada. Além do recorte, há textos, que escrevemos em conjunto, há textos que escrevi para ele e alguns à pessoas mais próximas da vida dele. Assim como um outro presente dele. Um folhetim escrito à mão de nome Pipoca para todo mundo. É o segundo número do pasquim, o da parceria, segundo ele. O primeiro eu não sei para quem foi mas na capa ele avisa, "Alô Rosana, o seu está pintando !". Fora outros nomes femininos de boas e ótimas lembranças.
Em homenagem ao aniversário dele, e confessando que menti em parte sobre bocas, que o melhor afrodisíaco sempre foi o que elas dizem, embora sem a euforia adolescente ainda goste de tudo que as acompanhe, alguns trechos do presente que me foi dado.

Frases e notícias de um tempo em 1983
(extraídas do Pipoca pra todo mundo)

O Mauro está virando piscicultor. Já comprou um aquário,um purificador, um termômetro, tem algumas plantas aquáticas também. Só faltam os...peixes.

"Do jeito que o Maluf é, ele divide até a Santíssima Trindade"
(Gesner, profesor da PUC, pesquisador do Cebrap)

É incacreditável. A PUC está com deficit de 1 bilhão de cruzeiros. Isto porque foram violentamente cortados os subsídios federais. O MEC se esforça para esquecer de nós por sermos de esquerda.
As FMU e o Objetivo tem insenções deimpostos e não estão nem aí para a qualidade do ensino. O Mackenzie, velho reduto da direita, E O MIGUEL ENTROU LÁ, consegue assim, com truques citados acima manter preços baixos de mensalidades. Lamentável...

"Trabalho em grupo geralmente é como trem. Tem sempre uma locomotiva e os vagões vindo atrás"
(Ladislau Dowbor, encarregado de assuntos africanos, professor da PUC)

Eu estou com 6 discos em casa, todos pertecentes ao homenageado do número, Pedro Geraldo, e eu tenho que registrar aqui, "nas páginas deste poderoso rotativo"(ê Flávio Rangel), que entre as obras está o àlbum duplo do Paulinho da Viola, chamado Memórias l e ll. Esse trabalho dele é maravilhoso, principalmente o "Memórias ll - Chorando". Instrumental, só chorinhos, que deixa a gente em"estado alfa"(...)

como esse blog aqui, extensão cibernética do "Rua..", do Pipoca...", "A menos que.." e "D' Pinote", eram só brincadeiras carinhosas. Crescemos, acho.

uma pisciana de 17 de março, falando e cantando música de escorpiniano. a música é citada no referido folhetim pelo Zé.



Parabéns, Meu Chapa !

2 comentários:

Unknown disse...

Oi Pedro!!!!
que coisa linda!!!!! A amizade é mesmo um amor que não envelhece!!!!
Saudades do Pipoca...um tesouro que tenho guardado, assim como tudo daquele tempo!!!!
bjos garoto!!!!
Alcina

Tânia Maria disse...

Super Pedro,

Pensei que ia ligar ontem. Apesar de você tê-lo trincado com esse texto lindo, ele tava bem feliz por ter amigos assim como você.
Já disse, precisamos digitalizar logo o Pipoca, o Rua, e tudo o que vocês fizeram naquele tempo.
Não some né?
Beijos
Tânia