A música Cio da Terra, tinha sido gravada pelo seus autores alguns anos antes. Tinha o falsete de Milton Nascimento e a voz esganiçada de Chico Buarque. A música tinha um crescendo de um coro de amigos e terminava quase apoteótica. Foi lançada no formato de compacto simples, por sinal, um dos últimos da indústria fonográfica brasileira.
A versão definitiva, para mim, também tinha a voz de Milton mas a voz , apresentava, para alento dos apreciadores, uma dupla sertaneja com postura nada condizente com o rumo que a música sertaneja já tomava. Pena Branca e Xavantinho.
A versão começava com Milton parecendo mesmo arando o caminho para a entrada da dupla. A entrada, precedida de mudanças, da voz mais calma de Milton para o canto de Folia de Reis, do canto sertanejo mais mineiro da dupla, vinha acompanhanda da viola caipira. Se parecia que a música sertaneja conhecia um novo caminho, ele não se solidificou. A dupla em alguns programas de auditório mais popularescos, destoava, quando convidada, das outras duplas, mais produzidas que seguiam, não a vereda apresentada por Tião Carreiro e Pardinho, Cascatinha e Inhana e sim dos imãos Lima de Astorga, Chitãozinho e Xororó, mais influenciados por Léo Canhoto e Robertinho e Roberto Carlos, nesta escolha dos irmãos paranaense, o neo sertanejo do "milhão" de cópias nasceu.
Pena Branca e Xavantinho, se aninharam num pequeno canto da mpb, popular até, de prestígio e sempre buscando qualidade e bom repertório para o seu canto. Tendando dar consistência para um gênero que já teve seus melhores dias, e que poucos como eles faziam questão, de até dar uma roupagem nova, sem perder, seus pontos fortes, como também é o caso de Renato Teixeira, Passoca . Conquistaram alguns corações e prêmios de respeito e como essa turma, era nos shows que arrumavam grana para continuar.
Com a morte do irmão, Pena Branca ainda continuou na mesma balada. Não vendia os "milhões", que conferem "qualidade", segundo as seguidas argumentações de Zezé di Camargo. Mas, junto com o irmão apresentou um caminho de revitalização para o gênero. Que Maick e Lyan ou Matuto Moderno, que começam à sofrer com o "exílio", imposto por aquelas que acham que as vozes agudas, formam a tipologia do canto sertanejo, possam resistir. Descanse em paz.
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