sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Música de Bailinho

By: kimberly kane (*)






duas coisas mudaram. ela está sem a saia curta do uniforme e com o cabelo solto. outras duas que não mudaram, ela insiste em colocar uma mecha atrás da orelha e está entre aquelas três amigas. eu olhando para ela entre as pessoas dançando e ela sentada do outro lado, a segunda da esquerda para a direita, ao lado da alice. outra coisa que vai demorar para mudar, eu chego para a adolescência de cabeça baixa e carregado de silêncios. eu não quero mais ser jogador de futebol. talvez eu escreva sobre ela, ela entre aquelas três. escreva sobre como eu ando toda vez que estou no bairro e olho para o alto para ver a casa dela, das poucas vezes que ergui a cabeça. escreva para relatar de como ela me chamava a atenção e apareceu na porta da minha sala nos últimos dias de aula dela naquele colégio, me perguntando; você escreveu isso? sobre um texto que chegou na classe dela.e ao saber da resposta com o olhar marejado disse: é lindo! mas nesta noite uma voz saída de um conto do edgar alan poe me sopra; Nevermore, nevermore. o amigo balançou duas letras na minha cara; "é o primeiro dia do futuro!". e depois; "é a grande noite!". e a voz, senão; nevermore, nevermore. eu quase sei o que fazer. rio nervoso. frio na barriga. me levanto e caminho na direção das meninas, daquelas quatro. quase sei o que fazer.vi os mais velhos, o pai, os tios, os primos. vi nos filmes, ensaiei diante do espelho, eu já dancei com ela na peça da escola. "é a grande noite" . ela trocou a saia curta do uniforme por um vestido com um bordado no peito, o cabelo solto. tremo. falta ar. diante das quatros. pedindo liçença para tres, que sorriem e olham para ela. ela pende a cabeça, morde os lábios. parece que já esperava. não falo. ela estende mão. está fria. também tremula. e vai se levantando. solto da mão dela. ela me abraça,uma das mãos e a cabeça no meu ombro. por alguma ideia surgida, não a abraço. a conduzo só com o movimento do corpo com meus braços soltos ao lado do meu corpo. ela afasta a cabeça e me olha. você dança diferente mesmo. e coloca a cabeça de novo no ombro.



(outros esboços para, O dia em que a tirei para dançar )




(*) kimberly kane também é fotógrafa.....!

Um comentário:

Anônimo disse...

Pô, Pedrão
Ainda bem que eu sou teu amigo...
Vai escrever bonito assim lá na Vila Guilherme !!!!!

Beijo, abraço e aperto de mão