"Que se sustente, meu deus....Uma coisinha de nada, mas com estilo" Francis Ponge
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Vince Guaraldi
Explorador caminhante de Vila Guilherme, bairro da zona norte paulistana, um dia topei com a "Banca do Gil", na Rua Maria Cândida. Já havia passado por ela outras vezes mas, por estar instalada numa porta, achava se tratar de uma papelaria. Só entrei quando vi alguns garotos numa certa tarde do lado de fora, falando sobre gibis. E não houve semana depois disso, em que eu não entrasse lá ao menos uma vez, nem que fosse só para conversar ou ouvir as conversas.
Mais tarde conversando com amigos que se formaram e firmaram no ensino médio, descobri que muitos frequentavam a "banca" no mesmo período e eu não me lembrava deles.
O certo é que foi lá que vi pela primeira vez, um gibi do Charlie Brown,criação do desenhista Charles M. Schulz, e que no Brasil ganhou mais fama ainda, depois da homenagem de Benito di Paula. Me lembro que era importado e usado. Estava largado no canto dos usados. Voltei tempos depois com alguns trocados, perguntei o preço e o Gil perguntou se eu queria levar? Com a minha confirmação, fez um preço irrisório, comprei e fui pela rua, folheando, querendo chegar em casa e decifrar as palavras. O gibi e o encarte do disco do Elton John, Captain Fantastic and Brown Dirty Cowboy, foram naqueles tempos, parte das minhas lições de inglês, inesquecíveis.
O desenho de Charlie Brown, acho só chegou por aqui nos 80, mesmo assim em episódios picotados pelas emissoras exibidoras.
O desenho mantinha aquela sensação de que tudo ali na turminha era um prato cheio para tratados psicológicos. E além disso,por trás das histórias, tinham aquelas pequenas células de temas jazzísticos, que hipnotizavam ainda mais. A coisa era séria.
O autor dos temas era Vince Guaraldi, músico de jazz que tinha, entre outras, feito parte do grupo do vibrafonista Cal Tjader. Guaraldi foi convidado a princípio pelo diretor Lee Mendelson, para fazer a trilha de um documentário sobre Charles Schulz. Acabou nascendo uma parceria para os especiais do desenho dos fins de ano.
Os temas compostos acabaram virando clássicos natalinos para os americanos, ofuscando o que o músico fizera anteriormente em sua carreira. Embora isso pareça afastá-lo do mundo do jazz, há uma turma que nos últimos tempos tem visitado sua obra para os desenhos de Charlie Brown.
Wynton Marsalis o fez em Joe Cool's Blues, e David Benoit fez o mesmo caminho o ano passado em Jazz for Peanuts.
Mesmo assim, para provar que Vince Guaraldi não é só os temas do desenho, eis que sai lá fora, uma compilação do pianista, de dar inveja. Claro com um tema ou outro do desenho.Quem sabe, eu não volte à andar por Vila Guilherme, pela Maria Cândida e não encontre o cd, na parte de usados da "Banca do Gil", daqui há algum tempo?
Wynton Marsalis
David Benoit
e claro
mais uma dica hein Papai Noel?
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