terça-feira, 25 de maio de 2010

Lost - The End

"Meu irmão eu sou como você é
Saí do mesmo escuro e ando por aí.(...)"

Lô Borges, in Eu sou como você é








Não há quem, num determinado tempo da vida tenha, diante do espelho se perguntado: O que faço aqui ? Por que tenho essa cara ? Por que aquela, aquele dormindo ali na cama me escolheu ? Por que foi escolhida, escolhido por mim ? Por que me afeiçoei de certas pessoas ? Por que caí nesta família, neste país ? Por que não moro no Rio de Janeiro ? E esse trabalho ? Serve à quê ? Por que tanta luta para dar no que vai dar ? E qual o sentido de tudo isso ? E se tivesse terminado a faculdade? E se aquela menina tivesse aceitado namorar comigo ? E se aquele amigo virasse Presidente da República ? Por que não sou jogador de futebol do time que torço. O que faço aqui nesta ilha azulada e não sou marciano ? Por que não peguei o metrô, o ônibus ou o trem, o carro e fui pedir desculpas enquanto dava tempo ? Por que não aceitei outras desculpas ? Por que estamos nesse avião e não em outra nave ? É só isso ou tem mais coisa ? Quem é o vilão que nos aprisiona ? Estaremos curados num lugar melhor ? Há vida antes da vida ? E depois dela ? Somos o sonho de alguém, como no texto chinês, lembrado por Jorge Luis Borges ? O sonho do Imperador, da princesa, daquela, daquele dormindo ali na cama ? Viemos de onde ? Para onde iremos ? Do pó ao pó, escuro para outro escuro. Céticos, crentes, cheios de dúvidas."Se foi para desfazer, por que é que fez ?" pergunta Vinícius de Morais, em um verso, que serve de oráculo em certas ocasiões.
As muitas perguntas de Lost não serão respondidas. As muitas perguntas da vida, não serão respondidas. Explica-se aí o sucesso do seriado ? Nossas dúvidas as dúvidas dos personagens, carregadas vida afora, até aquele outro escuro. É seguir então, com o rosto, a família, os amigos, aquela, aquele, ali na cama dormindo, e tantos outros cruzando nossos espaços, nos aborrecendo, nos encantando e que quando partem, deixando um frio na boca do estõmago, saudades. Sinal de que o encontro foi bom.




interessante será a locução de Dirceu Rabello, locutor oficial de chamadas da Globo: "Chega ao fim as armações e as confusões dessa galera (todo mundo é galera ou galerinha para eles ) da Ilha de Lost !"


"Ninguém pode explicar a vida
Num samba curto"

Paulinho da Viola, in Um Samba curto

o verso: "Se foi para desfazer, por que é que fez ?" está na letra de Cotidiano n.2, Toquinho e Vinicius.

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