sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ainda amigos

Via troca de e-mails retomei contato com Daniel Lescano, que cumpleaños amanhã. O argentino mais paraguaio, que eu conheço, seguidor de Larissa Riquelme, me pediu uma lista de livros.

E como tenho feito últimanente desde que os descobri, indiquei, As Brasas, de Sandór Márai, escritor búlgaro, um livro que trata de um reencontro entre dois amigos muito anos depois, belo.
E também indiquei O livro dos abraços, de Eduardo Galeano, uruguaio, que é uma compilação dos textos do escritor.

Do livro de Eduardo Galeano aqui um dos texto, A casa das palavras. E nesta semana sobre amizade, este texto incluí numa cena daquela brincadeira que está escondida numa gaveta de casa, em que coloco amigos para lerem textos diante das camêras, o Dedique uma canção para quem você ama ou Alguém cantando. Este foi escolhido para leitura de Manoel Cardoso. E é meio presente para Danielto, El Cabrón. Compadre o tereré fica prá depois !



Cena



Caracteres: Manoel Cardoso

Fade out: plano americano
A casa das palavras

Na casa das palavras, sonhou Helena Villagra, chegavam os poetas. As palavras guardadas em velhos frascos de cristal, esperavam pelos poetas e se ofereciam, loucas de vontades de ser escolhidas: elas rogavam ao poetas que as olhassem, as cheirassem, as tocassem, as provocassem. Os poetas abriam os frascos, provavam palavras com o dedo e então lambiam os lábios ou fechavam a cara. Os poetas andavam atrás de palavras que não conheciam, e também buscavam palavras que conheciam e tinham perdido. Na casa das palavras havia uma mesa de cores. Em grandes travessas as cores eram oferecidas e cada poeta se servia da cor que estava precisando: amarelo-limão ou amarelo-sol, azul do mar ou de fumaça, vermelho-lacre, vermelho-sangue, vermelho-vinho...

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