sábado, 23 de outubro de 2010

Roda de Sábado - Pelé 70


Se foi eleito Atleta do Século, fez mais de mil gols encantou de plebeus à nobres. Pelé não tem vida fácil nas quatro linhas dos Carvalho Silva.
A ala masculina da família, capitaneada pelo Seo Pedro, vê nele o humilhador-mor do Timão, time do coração da família. Mesmo sobrando um espaço para torcer por ele quando ele servia a Seleção Brasileira. Ser bom cabeceador e saber matar uma bola no peito.
Os gols e as jogadas humilhantes contra o Timão ofuscaram qualquer outra admiração. E depois tem as histórias em forma de gozação contadas por ele. Mesmo recentemente quando do rebaixamento, ele tirou uma casquinha.
Já a ala feminina, capitaneada pela Dona Benê, não aliviou a marcação sobre o cara. Não há aparição dele, desde de que me entendo por gente. Em que não há um olhar de desdém sobre ele.
A sua falta de postura sobre o racismo no Brasil, dizer que o povo não sabia votar, extrapolam, o fato do cara ter alertado para a situação das crianças ou ter proclamado no Giant Stadium, LOVE,LOVE,LOVE.
_ Ele devia se posicionar sobre isso. dizia ela. _ Como aquele boxeador americano, aquele...aquele...aquele que mudou até de nome para não ir ao Vietnã.
_ O Muhammad Ali mãe.
_ Esse. Esse foi corajoso. Falou pelos direitos civis dos negros. Trocou de religião para não servir ao exército americano e disse que não lutaria uma guerra que não era dele.
_ O Pelé parou uma guerra mãe !
_ Parou é ?, perguntava ela irônica com aquele olhar de que as tréplicas daquele debate tinham terminado.
Nenhuma genialidade se sutenta num ambiente desses.
Cresci meio olhando de soslaio o cara. E de fato ela não falava nada sobre o racismo brasileiro, nunca falou. Mas também nunca falou sobre a situação da maioria dos jogadores brasileiros, de miséria muitas vezes.
Nesses quesitos admirei, Paulo Cesar Caju, Vladimir do Corinthians, Reinaldo do Atlético Mineiro, Afonsinho, Sócrates e Tostão. Menos talentosos. Mas mais contundentes em termos de posicionamento do cidadão fora de campo.
Quando mudamos para São Paulo ela já estava encerrando a carreira. O vi jogar duas vezes in loco.
Uma num jogo Corinthians x Santos no Morumbi, que o meu pai levou a mim e ao meu irmão. 1 a 1. Acho que com gol dele no empate santista.
O outro na Seleção de Masters, invenção do Luciano do Valle. Aí fui por conta de vê-lo mesmo. Fui com o supracitado por aqui, meu amigo Zé Amaral. Acho que ele largou a namorada de lado naquele domingo de dilúvio bíblico. E não me lembro se o jogo foi no Canindé ou Pacaembu. Só sei que choveu tanto, que minha roupa de baixo está para secar até hoje no varal. Valeu sim por ele e pela companhia.
E ele até podia ter admiração que tenho por conta daquela irmandade inventada por mim junto aos escorpinianos. Mas até aí ela dança às vezes. São escorpinianos dois dos caras que concorrem com ele sobre ser ou não ser o melhor do mundo. Garrincha e Maradona. Muito mais sedutores e da pá virada. Escorpinianos até a medula.


Pelé num dos poucos momentos em que os Carvalho Silva riram com ele.


Atualizado : se bem que até aqui, o craque é outro. Golias. Clássico !!!

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