terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Parabéns aos "Esquisitos"


Peguei uma chamada da Escola Rádio Oficina na USP-Fm, chamando novos alunos. A chamada diz que fazer rádio não é fácil, como pensam os desavisados. É preciso talento, é preciso conteúdo", avisa a chamada.
Mas se deitarmos nossos ouvidos nos programas e locutores, saberemos que talento e conteúdo é o que menos parece contar para um sujeito falar na latinha, ter a chance com um microfone.
Consultorias de Rhs não se cansam de falar em regras para um candidato se dar bem. A educação, o talento, e outras coisas do mundo corporativo moderno, traçam o perfil ideal para se dar bem, nesse mundo atual.
Uma livraria bacana paulistana é desse perfil de empresa, quer os talentosos, como seus atendentes. Diz que tem "excelência no atendimento", exige muito nas dinâmicas. Mas se você entrar nela, pode passar desapercebido por horas. E quando pergunta sobre o novo livro de Adélia Prado, o atendente "qualificado' faz cara de espanto. E não tem nenhuma informação a respeito.
A educação brasileira não é das melhores. O PISA, orgão que pesquisa o desempenho dos estudantes no mundo inteiro, divulgou semana passada, o qeu se percebe por aí, no convívio, com adolescentes e profissionais. Talento e conteúdo quase zero.
Mas Geisy Arruda e Vera Fisher lançaram livros, e o atendente sabia disso. Sabia ate que Vera Fisher tinha acabado de declarar que "não escreve para pobre", só para os talentosos e com conteúdo, vai ter pouco leitor. Talvez os encontre na aulas da Rádio Oficina. Talvez não.
Nesta semana de mundial Interclubes, os talentosos radialistas brasileiros, voltaram à destilar, preconceitos e desconhecimento.
Torcendo para a vitória do Internacional de Porto Alegre, que já saiu daqui bi-campeão mundial, sem jogar. Eles voltaram com aquela velha ladainha para falar da ingenuidade futebolística dos africanos, que haviam passado pelos mexicanos do Pachuca. Com a vitória dos africanos o caminho do Inter estava mais que garantido. Afinal somos, ricos, espertos, talentosos e cheios de conteúdo e eles são "esquisitos". Eles fecham o gol lá com a "reza deles". O goleiro deles tem um penteado esquisito e faz um dancinha mequetrefe.
Pois os "esquisitos" venceram. Educação se mostra também com respeito aos outros. O relatório do PISA não engana. Somos mal educados, não nos respeitamos, não respeitamos os outros. E achamos que temos muitos talentosos e outros tantos cheios de conteúdo, para fazer "bonito" frente ao mundo. Uma análise apurada sobre o trabalho de muitos radialistas, escritores e atendentes, mostra que não. Parabéns aos "Esquisitos !".




Nenhum comentário: