"Que se sustente, meu deus....Uma coisinha de nada, mas com estilo" Francis Ponge
terça-feira, 28 de junho de 2011
Aliiiceee!!!!
ouvindo com cuidado o àlbum Simon Werner a disparu, trilha composta pelo Sonic Youth.
e o disco de Thurston Moore, Demolition Thoughts.
me preparando para colocar aquela estamparia que bordo há anos
em fios de ouro
e exponho aos passantes
na sacada de minha memória em todo 4 de julho.
e percebendo o estrago que a beleza ainda faz no meu coração apertadinho.
e como a música me leva para recantos de minha memória.
quartos escuros, quartos claros mais iluminados.
dia claro com bandeirolas e céu azul.
me lembrando do colega maurício, andando por carandiru, vila paiva, vila guilherme, com duas letras de música nos bolsos, traduzidas por mim.
que ele queria entregar para uma garota chamada alice.
coisa que ele só fez de forma indireta.
deixando-as na caixa de correspondencia da casa dela lá na capitão luiz ramos.
alice que segundo ele, a menina mais bonita da escola.
voto que eu não acompanhava
mas com quem dancei algumas num bailinho.
e a dança mais improvável, uma música do yes.
e melhor amiga daquela que me chamava atenção.
é tanta memória que eu estou tentando achar um jeito de dar
um pouquinho para aquela senhora, que servia sopa antes do prato principal
de olhos miúdos e minha mãe adotiva.
ainda não inventaram borracha de apagar memória
sábado, 25 de junho de 2011
Roda de Sábado - Quadrilha
Quadrilha
Chico Buarque/Francis Hime
E neste ano, como todo ano, uma vez por ano
Tem quadrilha no arraial
E neste ano, como sempre, salvo chuva e salvo engano
A satisfação é geral
Não me leve a mal
Não me leve a mal
O forró corria manso, sem problema e sem vexame
Quando o chefe da quadrilha decretou changer de dame
A mulher do delegado rendeu o bacharel
O peão laçou a jovem filha do coronel
A Terezinha Crediário deu um passo com o vigário
A beata com o sacristão
Diz que a senhora do prefeito
Merecidamente eleito
Foi com o líder da oposição
Não tem nada não
Não tem nada não
Zé-com-fome deitou olho na patroa do ``seu'' Lima
Que não faz xodó na moça mas também não sai de cima
Juca largou a sanfona e, abandonando o salão
Foi prevaricar com a dona que vendia quentão
E foi doente com doutora, indigente e protetora
Foi aluna com professor
E o perigoso bandoleiro, Zé Durango ``El Justicero''
Fez beicinho pro promotor
Mas, faça o favor!
Mas, faça o favor!
Muita música na praça e muita dança lá no mato
Quem gozou da brincadeiram, muito bom, muito bem
Quem tomou chá de cadeira, só no ano que vem
Pois nesse ano, como todo ano, uma vez por ano
Tem quadrilha no arraial
E nesse ano, como sempre, salvo chuva e salvo engano
A satisfação é geral
Ninguém leva a mal
Ninguém leva a mal
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Baixo Barítono
na minha cabeça o motivo era o fato de que eu, durante um tempo, imitava apitos sem me incomodar com as cordas vocais sendo ferida do jeito que eram. e outra a mania de não aceitar àgua na temperatura natural, nem misturada, tinha que ser muita gelada.
as notas de algumas músicas nunca foram alcançadas com facilidade. e aquele incômodo.
de novo a música e o cinema e o rádio iam se encarregar de criar uma àrea de esperança na cabeça do pivete.
howard keel em "sete noivas para sete irmãos",
isaac hayes, hélio ribeiro, barry white, nilo amaro e winfred "blue" lovett, baixo do grupo de r&b The manhattans, foram alguns que criaram esse oásis.
e eu sei todo o recitativo winfred "blue" lovett lá minuto 2'19
ou noriel vilela
fui incorporando outros ao time, ike willis, sempre ao lado de frank zappa, leonard cohen e suprema felicidade, david bowie.
e o que dizer de serge gainsbourg, salvador da pátria total. feio e sempre bem acompanhado.
e começaram os elogios. em situações das mais interessantes...
e até hoje me lembro da sensação ao ver a partitura da linha do baixo nos corais dos quais participei. alguém precisava segurar as esgoeladas de sopranos e tenores.
mas também fui aceito rápido e vi os selecionadores vibrarem, faltava baixo barítono no mercado.
e claro adorei quando alcancei alguma notas mais baixas da linha dos tenores.
mas percebi mais ainda, que a vida em coro e fora dele, com os naipes ajustados, é bem melhor.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Benê 80
o texto abaixo de alguns anos atrás, é beijo e abraço nela.
É minha Mãe
Uma virada no tempo.
Meu irmão, caçula, o Ruy, recebe a bola pelo lado esquerdo da quadra. Sangue de boleiro nas veias, eu sei o que ele tem que fazer, ele também sabe. De olho no adversário, com a bola ao alcance do pé direito o oponente nem percebe a humilhação que sofrerá em milésimos de segundo. O lance seguinte é o adversário tendo a bola passando entre as pernas e a tentativa de agarrar meu irmão. Esdrúxulo. No chute a bola trisca a trave do time adversário, a jogada causa admiração na plateia presente na quadra. Com jeito de "eu já sabia!", olho o sujeito a meu lado e anuncio: "É o meu irmão!".
Hoje vou pegar o slogan que inventei quando via meu irmão mais novo jogar e vou olhar para vocês. E dizer que além dos fatos frios apresentados, ainda há a voz dela em algum canto da casa, a preparação de alguma iguaria caseira, as lições de piano e canto, o rádio ligado, a palavra que só ela sabia o significado, porque antes de ir ao dicionário, eu recorria a ela. Há ainda uma vida que se espreme no limite, para se manter digna. Vitórias esparsas? Não! Vitóris muitas da filha do Sr. Augusto e de Dona Maria, em algum lugar orgulhosos dela. Como orgulhosos muitos que a cercam e a merecem e a respeitam com sua presença e força. Como afimei, quem dribla bonito agora é ela. Eis. É minha mãe.
texto publicado no livro, São Sebastião e a Vila Guilherme, Memórias Paulistanas da Zona Norte, de Benedita Conceição de Carvalho Silva e José de Almeida Amaral Júnior, 2002
eu estava ouvindo a eldorado-am lá no fim dos 70. disco novo de caetano de antanho. a letra era a cara dela na minha vida. balancei. anos depois insisti para que ela a cantasse num evento em que a produzi. acompanhando a música pelo disco aprendeu a música e mandou ver.classuda.
sábado, 18 de junho de 2011
Roda de Sábado - Sonia & Oswaldo
e de lá, claro, roubei na caruda estes dois vídeos.
e o Tadeu hein? sonorizou a festa de casamento do meu irmão Ruy com a Solange. tudo registrado pelas lentes do Romão Robles.
e a Luna? é por isso que eu às vezes acredito no ser humano. tem gente melhor chegando por aí.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Mexendo nos Vinis - Marvin Gaye
para ajustes de equipamentos uma imagem frisada às vezes com o logo da emissora e a locução da programação do dia.
a globo tocava suas trilhas. às vezes uma rádio era sintonizada. e algum disco outro. o disco abaixo eu conheci esperando o início da programação da globo. não uma mas, várias vezes.
Marvin Gaye já tinha o controle de seu trabalho. Tinha colocado seus ùltimos trabalhos no topo das paradas. What´s going on, l want you e o disco de dueto com Diana Ross deram ao cantor poder de negociação e grana que nenhum artista negro tinha imaginado antes.
Mas nem tudo são flores. Durante o período de gravação do Let´s get it on, Marvin está se separando de Anna Gordy e se envolvendo com uma menor. Let´s get it on é um disco cheio de referências pessoais, nada político. As brigas com o pai, as crises existenciais.
Para alguns Let´s get it on é um panfleto à liberdade sexual e tocava inteiro na manhã da globo enquanto ela se preparava para sua programação.
Fugi de Let´s get it on, o hit do disco. Preferi, Come get to this, Distant Lover e outras. Só comprei o vinil anos depois com grana própria e levando o disco com cuidado para casa. Há memórias preciosas na audição dele.
Mexendo nos vinis, separando as tralhas, ele está lá novinho, novinho e carinhoso com minhas memórias.
e claro. iniciada a programação aí começava a festa
e ainda dava tempo do "para casa", jogar bola na rua, encontrar os amigos e olhar para aquela que nos chamava a atenção.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Avisem o Zé Vieira
o ccbb são paulo, de hoje até 24 de julho abrigará uma mostra dos filmes de alfred hitchcock.
assistimos à todos. entre outros os famosos, "janela indiscreta", "um corpo que cai" e "festim diabólico" que revi dia desses.
o zé vieira é dono de um humor às vezes ácido. é cruel consigo mesmo. mas é de uma inteligência aguda e necessária em qualquer tempo. chorei com, por, para ele. ri, ri muito e gargalhei com ele.
depois dos filmes andávamos pelas ruas do centro, campos elíseos, bom retiro. ruas familiares ao zé. que nessas ocasiões evocava para si personagens de edgar allan poe, arthur conan doyle. ou citava os obscuros, os bluseiros.
por razões, algumas muito tristes, o zé sumiu no mundo nos alijando de sua presença. e-mails e telefones se mostram incompetentes para um contato com o cabra.
dessa mostra no ccbb devo assistir algum filme. devo comprar dois ingressos e reservar uma poltrona ao meu lado. vai que ele aparece para ver o filme ao meu lado e tomarmos um chá depois.
e se eu for falar das músicas que ele cantava subindo ou descendo as rampas da puc, hoje eu não vou terminar.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Santo Antonio
a fumaça do post de ontem desanuviou a homenagem que faríamos ao santo do dia. como tem santo todo dia, todo santo dia. e o hermeto não nos fez esquecer.
e do mesmo àlbum outro santo; um cavalo chamado são jorge.destruindo uma tese, de texto publicado na coleção da abril, história da música popular brasileira de que hermeto era hermético
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Domingo com duas Damas
barriga cheia de lasanha de berinjela, presente culinário para a namorada, acompanhada de vinho tinto.
na ida para o parque a informação que o garoto william, vindo do figueirense para o corinthians, acabava de marcar seu segundo gol no jogo lá no pacaembu.
a tarde promete. até o frio não é tanto. fim de tarde gostoso. outono.
joshua redman trio abrindo os trabalhos em três números. sendo que o segundo, longo, executado com o sax tenor, foi a senha para o acendimento daqueles cigarros, agora defendidos por FHC até para a globo.
os dap-kings mantento a tradição dos mcs, aqueles mestres de cerimômias, muito comum nos antigos cantores de soul, r&b e ainda hoje cultuado por alguns cantores de rap.
e sharon jones desfilando músicas de seus àlbuns. do novo, "money", "l learned the hard way", "mama don't like my man","without a heart" e minha favorita, "better things". impressiona o pique da mulher. até uma simples apresentação dos músicos e das backing vocals é um número contagiante.
aqui uma afirmação e uma pergunta daquela que me atura e enjoou com aqueles cigarros defendidos por FHC.
duas coisas, parece que estou de volta a puc. e toda essa gente a conhecia?
pois é. informação em novos tempos. mas impressionante é ver que há poucos negros aproveitando os eventos.
e outra constatação feito pela dama. saímos do ibirapuera. um outro mundo, nas palavras dela. para cair no centro de zumbis perdidos pelos crack e gaviões egressos do pacaembu. todos muitos perdidos. e tinha lido ontem sobre a desigualdade em são paulo. é só sair na rua. é só reparar melhor.
mas valeu. Obrigado Dap-Kings, Obrigado Ms. Jones. Voltem logo!!!!
e roubando outro jargão, o dos antigos colunistas sociais; tudo com a namorada, à cotê.
um esclarecimento cabível por conta dos meus textos serem ambíguos em muitos casos: os cigarros foram acendidos pelo público em volta. nada contra. se o FHC quiser minha presença nas palestras dele, o acompanho. cada um faz o que quer de sua vida e não tenho nada com isso. mas nem fumo. e nem aquela que me atura.
domingo, 12 de junho de 2011
Namorados
a vídeo-exposição 6 Bilhões de outros está no Masp São Paulo até 20 de julho. são depoimentos recolhidos pelo fotógrafo Yann Arthus-Bertrand em vários países. os entrevistados falam sobre diversos asssuntos, felicidade, família, sonhos, infância. o amor é só um temas dos vídeos.
no grupo dela, só mulheres. dos quatro homens, três estavam no mesmo grupo. desleixados, acabaram com rapidez aquele trabalho.
ela ficou sózinha, largada pelo grupo dela em meio à bricolagens, cola, lápis de cor, tesouras, papéis. eu já havia reparado nela. ela se esquivava. uma vez imitei robert redford num filme. sorriu. um sorriso onde vi uma aceitação carinhosa se aproximando.
livre do grupo me arrastei engatinhando pela sala. me aproximei. ela foi levantando os olhos devagar. parecia uma presa acuada. coloquei um tom infantil na voz, para combinar com aqueles objetos do trabalho de futuras, professoras, pedagogas, assistentes sociais, psicólogas. posso bincá também!!!. ela riu bonito. de novo. fiquei sério. li naquele riso, umas outras imagens, de aceitação carinhosa. um aceitação que na adolescência nunca pensei que pudesse causar em alguém do sexo oposto. logo eu um desajeitado com baixa auto-estima.
ela continuava esquivando. até ser acuada no pátio da cruz. num beijo que muito tempo depois, durante a cerimonia do casamento de um casal de amigos na capela da puc, revelou que não era para ter acontecido, que houve ousadia de minha parte.
indas e vindas. outros namoros. viagens desencontros bad trips. eis ela de novo, descendo a rampa e rindo de novo. aceitação carinhosa. ela me mostrando como hoje ainda mostra, que tinha uma pessoa melhor por trás daquele delirante sonhador. uma pessoa que só ela enxerga até hoje quando sorri e aconchega. quem dera fosse eu o homem por quem o zé vieira colocaria a mão no fogo. embora agradecer. e esperar pelo sorriso e pelo abraço. e pelo beijo que ainda roubo vez em quando.
eu vou te jogar num pano de guardar confetis
sábado, 11 de junho de 2011
(Quase) Dez para ver abraçadinho
ABC do amor(little Manhattan). josh hutcherson mais novo.ele tem 11 anos e tenta entender o amor que sente por rosemary telesco. aquelas sensações inexplicáveis.vendo o filme ao meu lado teca, aquela que me atura, rindo disse:"vocês meninos, tsk, tsk!". interessante é ele pedindo orientação para o pai, que devolve a bola: "você perguntou para o cara errado!". e tem elton john na trilha....
Stanley & Iris. Robert de Niro é analfabeto e cozinheiro de fábrica.Jane Fonda é viúva e trabalha na mesma fábrica. eles só se esbarram. mas por ser analfabeto ele é demitido na frente dela. ela toma as dores. ela resolve dar aulas para ele. lição disso, lição daquilo. os dois atores em forma. prá ver sem cansar.lição de vida.
O Feitiço de Àquila. "sempre juntos eternamente separados". uma maldição de um bispo enciumado separam etienne navarre e isabeau d'anjou. durante o dia navarre é um cavaleiro vagando com um falcão. a noite um lobo negro cuidado por uma linda mulher. o segredo deles será descoberto por um ladrão, que tentará ajudá-los a se livrarem da maldição. e tem michelle pfeiffer. aqui em casa, quando eu faço o festival michelle pfeiffer, costumam sair da sala quando ela aparece.ou perguntam;"com quantos anos ela está hoje?". hum...
Ensina-me a viver(Harold and Maude).daqueles filmes vistos na última sessão da globo nos 80. harold tem tendências suicidas. maude aos 75 quer viver. harold anda prá lá e prá cá dirigindo um carro funerário. se apaixonam. e a trilha toda é do cat stevens.outra lição de vida.
Nunca te vi sempre te amei.o amor aqui é diferente é pela palavra. cartas trocadas, livros. os personagens de certo modo apaixonados nunca se encontram. não canso de ver.
Dolls. o diretor takeshi kitano nos apresenta três histórias de amor não necessariamnete felizes. uma noiva que tenta suicídio. uma mulher que vai ao mesmo banco da praça por anos. e um cantora que se isola do mundo. baseado no teatro bunkaru japonês. sem muito diálogos. nem precisa. lindo, apesar.
Annie Hall(noivo neurótica, noiva nervosa). sempre tenho dúvida se gosto dele ou de sonhos de um sedutor(play it again sam), onde o personagem, abandonado pela mulher, se orienta para os novos encontros com as dicas, entre outras, do fantasma de humphrey bogart. mas annie hall também tem diane keaton. empate técnico.
a proxima dica vem em duas partes. mesmo porque a décima é outra história. vai depender, raros leitores de alguns fatores. vamos a dica 9a)
9 e meia semanas de amor.em plena era reagan um yuppie da bolsa americana, vivido por um mickey rourke com uma cara mais saudável, com seu amor obssessivo atraiu milhares de casais por várias semanas aos cinemas. e não teve namorado que não...e não tem namorada que mais relaxada não faça volteios com alguma peça do vestuário com a introdução de "you can leave your heat on" que deu um alento na carreira de joe cocker. a razão de ser a dica 9a) é que esse filme dá um climão. se você, raro leitor, ao colocar o filme para rodar e a princesa da sua vida, aquela que te atura, te olhar com aquele olhar que diz:"nem vem!". você muda rápido para a inocência da 9b) e não se fala mais naquilo. por enquanto....
A dama e o vagabundo. da disney. se entregue. frise o filme no começo. a àgua do macarrão na cozinha já deve estar no ponto, assim como o molho. se você não gostar de carne, coloque, pimentão, milho ou ervilha. ou coloque uma latinha de atum. pode ser um vinho barato. sirva o prato dela. ela vai de olhar diferente. talvez você se salve do inferno por ter pensando alguma coisa com a dica 9a).
500 dias com ela (500 days of summer). este vídeo também já apareceu por aqui. o aviso no início do filme:"Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência ... Especialmente você, Jenny Beckman ". o roteirista scott neustadter disse depois que se baseou numa história real. não, eu e o scott nunca conversamos ao final do expediente no bar do seu antônio. não ......., eu nunca contei nossa história para ele. mas parece que pensamentos são ondas mesmo. e toda vez que vejo, me vejo. a carapuça serve direitinho sem sobras. e tem uma trilha matadora. e tem a zooey. basta.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Inventário
um cavaleiro errando sem auto-estima, sem sancho
uma princesa colegial de dote prometido.
um arrremedo de gene kruppa reverberando seu coração
em latas velhas de leite ninho.
uma iluminada judy garland em vestidos e batas
envolta em nuvens de perfumes inebriantes.
um filme sem a trilha dos filmes da sessão da tarde.
uma deusa abrindo a caixa de sonhos
outrora silenciosa do pseudo poeta-herói craque de futebol de botão.
nem penélope nem shalla-ball
de nenhum ulisses nenhum surfista prateado.
uma dulcinéia trazendo o sol para a rua
trazendo a música para a praça
e abrindo os braços
para compor em bilhetes
caminhadas conversas
a história nova do cavaleiro errando contra seus moinhos
de éter e mais nada.
um novembro
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Os Tres Mal -Amados
Da Semana:Amor não é fácil de achar
Os Três Mal-Amados
João Cabral de Melo Neto
Joaquim:
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
As falas do personagem Joaquim foram extraídas da poesia "Os Três Mal-Amados", constante do livro "João Cabral de Melo Neto - Obras Completas", Editora Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1994, pág.59.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Abelardo & Heloisa
Da Semana: Amor não é fácil de achar
"Fujo para longe de ti,
evitando-te como a um inimigo,
mas incessantemente
te procuro em meu pensamento.
Trago tua imagem em minha memória
e assim me traio e contradigo,
eu te odeio, eu te amo.”
Carta de Abelardo a Heloísa.
“É certo que quanto maior é a
causa da dor, maior se faz
a necessidade de para ela
encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar conforto.
Só tu tens o poder de me entristecer,
de me fazer feliz ou trazer consolo.”
Carta de Heloísa a Abelardo
terça-feira, 7 de junho de 2011
Da Semana: Amor não é fácil de achar
Romeu & Julieta
a bola me foi passada. reparei no meu marcador mais forte do que eu. toquei a bola para que ela ganhasse uma certa velocidade fora do alcance dos pés do renato, meu marcador. era só enganá-lo num jogo de corpo e ficar livre com a bola à frente. a bola passou, eu não. o campinho do juarez era cercado por muros. fui imprensado e arrastado pelo corpanzil do renato num deles. parte da minha pele e sangue marcaram por anos, aquele muro. era um domingo.
e minha irmã, a rosa, me esperava em casa. ela tinha me convencido a acompanhá-la ao cinema. um tal de "romeu e julieta" estava em cartaz num cinema da cidade, depois de anos de atraso do seu lançamento chegava ao interior paranaense, ao cine vila rica.
com medo de alguma bronca. não mostrei meu ombro em carne viva e sangrando. tomei um banho rápido coloquei uma camisa, sem passar qualquer remédio. a ferida ardia. minha irmã reparou só no cinema o sangue na minha camisa. tirou um lenço da bolsa e tentou dar um jeito.
começa o filme. li o nome do bardo inglês literalmente no começo do filme. minha irmã me corrigiu. li o nome do diretor italiano e não entendi. o autor não era inglês? minha irmã me deu uma lição de inglês e falou do apóstrofe e do "s" ao final de algumas palavras em inglês. falou de adaptações de obras clássicas. afundei na cadeira. a ferida ardia.
o ator leonard whiting, que muitas meninas londrinenses tinham em poster nas paredes, apareceu na tela. suspiros numa sala recheada de mulheres. minha irmã também suspirou. a olivia hussey apareceu. me ajeitei na cadeira. minha irmã perguntou se estava doendo, eu respondi, não, agora não. apareceu a bunda do whiting, risinhos. minha irmã me fala que as amigas haviam lhe dito que tinha essa cena, da bunda do whiting. se eu tivesse essa informação antes...e a da olivia? minha irmã disse que não. a ferida doeu de novo. tudo isso acompanhado por uma música pegajosa feito chiclé e ferida ardendo.
a história vai...catarse final, quando os dois se desencontram nos planos deles. a moça à nossa frente tenta avisar romeu levantando da poltrona: "não faz isso, ela tá viva, nãão!!". e depois tenta de novo avisar julieta. minha irmã está pensativa ao meu lado. há outras feridas naquela sala. narizes fungam. as luzes da sala vão se acendendo. as pessoas demoram a se levantar. como é o nome mesmo? pergunto. wil-li-am, sha-kes--pea-re, minha irmã, brava. bom o cara hein?- cê acha? uma tragédia dessa!!, minha irmã, descontente como a maioria. pés se arrastam na saída da sala de cinema. minha ferida arde. a camisa está manchada de sangue, vou ter que avisar minha mãe. narizes ainda fungam. mas tive uma lição de inglês, outra sobre um autor que eu não conhecia e que o amor pode ser uma coisa complicada, cheio de feridas ardendo e marcando para sempre a nossa pele.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Erasmo 70
não saindo debaixo dos cobertores no domingo depois de telefonemas tristes, a pergunta dominical era sobre o sentido de tudo.
acordar levantar trabalhar blog estudar música futebol amigos família até.
e aquela velha pergunta tirada dos versos de vinícius de moraes:"se foi prá desfazer/por que é que fez?"
...vida que segue.
e o erasmo fez 70 também. merece parabéns.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Volta em torno de uma música
A história tem dois enfoques, o familiar e a vida escolar de Mano, o personagem masculino prinicipal.
Não assisti no cinema, nem em dvd. A operadora de tv paga que assino ajuntando uns caraminguás mensais já o tem em sua programação. E quando estreia um filme na tv paga, ele estreia mesmo. Uma hora ou outra você assinante dá de cara com ele.
Dei de cara com o Melhores coisas do mundo numa dessas madrugadas sem sono. Caiu nas minhas graças. Até que o personagem Mano resolve ir aprender violão. Nunca vimos isso, um estudante que toque violão, até aí!!!. Então ele resolve, depois de algumas situações aprender a música Something dos Beatles para tocar para uma garota da escola, também nunca vimos isso e "perturba" o professor para que o ensine a música, nunca vimos também. Bem, na parte em que ele, Mano, vai tocar para a menina a música eu desisti do filme. Fui para a cama abraçar de conchinha aquela que me atura e fungar nas costas dela e molhá-la com algumas lágrimas. Só reparei que ela no sono dela tentava me consolar:"Êêê!!". É isso, não sei como acaba o filme. Mas se for como na vida real.....
primeiro: dá para entender o que pensa Sinatra sobre Something
aqui em cena do musical Across the universe(2007). em cena a atriz e tetéia, mulher de Marylyn Mason, Evan Rachel wood.
claro.Eles.