sábado, 27 de novembro de 2010

Roda de Sábado-Se segura malandro


trabalho de Hélio Oiticica

alusivo a morte

do bandido Cara de Cavalo





quando eu chegava em casa quase à meia-noite, ele estava sempre sentado, às vezes rodeado ou não por outros, no banco instalado no ponto do ônibus. talvez por me ver toda noite, passou a me cumprimentar.
um dia na feira na barraca do pastel me disse seu nome, Serginho. falei o meu. por ver o dono da locadora de vídeo me chamar de Pedrão, passou a me chamar de "Seo" Pedrão. e pedir dica de filmes de gangster.
perguntou sobre a moça que via caminhando comigo, falei da Teca, que também em certas noites chegava tarde. me disse sem eu me manifestar: "Pode ficar tranquilo "Seo" Pedrão."
tinha um carro bacana, financiava um dos times do bairro e o bloco carnavalesco. os seguranças de onde moro, ao me ver cumprimentá-lo uma noite resolveram me falar quem ele era. de onde saía o dinheiro para o carrão, o financiamento "filantrópico" e a boa casa no condômínio vizinho. me assustei. mas não deixei de cumprimentá-lo quando o via.
já não o vejo há algum tempo. mas a Teca sai bem cedo de casa e só penso naquela promessa dele, "Pode ficar tranquilo "Seo" Pedrão".
talvez por ser uma cidade esparramada. por não ter sido a escolha da Família Real Portuguesa, Capital Federal, sede da emissora de tv de maior audiência do país, São Paulo não glamorize nem seus bandidos. me lembro de três agora, Meneguetti, O Bandido da Luz Vermelha e recentemente o Marcola. quando nos damos conta, aquele vzinho que parecia o mais correto dos caras....
me lembrei porque no Rio sabemos todos os nomes dos chefões do tráfico. assim como sabíamos o nome de todos os bicheiros . não sei se os delitos glamourizados são os responsáveis por se estar onde se está. a eliminação deles, não é a eliminação do problema. o glamour irá deixá-los na história, mesmo as de ficção.



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