sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Adoniran Barbosa - 100 anos



O samba paulistano tem três compositores que merecem ser estudados, para se entender o samba em São Paulo. Adoniran Barbosa, Geraldo Filme e Paulo Vanzolini. Três insistentes fazendo o samba no impossível.
Ao contrário dos compositores cariocas, que pareciam formar uma unidade com troca de informações em rodas de samba e outras manifestações. Os sambistas paulistanos, tinham o retrato da cidade, um samba escondido numa cidade esparramada.
Mesmo Adoniran e Geraldo que frequentaram os mesmos bairros, viam o samba de jeito diferente. JustificarGeraldo Filme, menino entregador de marmita na Barra Funda, ouvia e via os pioneiros do Camisa Verde e Branco, oriundos dos escravos do Vale do Paraíba. Seu samba segue a linha do samba de Pirapora, manifestação religiosa e festa. É comedido e elegante.
O samba do Vale do Paraíba também chega ao Bixiga, região da Saracura, bairro de negros e italianos do centro da cidade, onde Adoniran um faz tudo, conhecedor da fala dos simples, engraxates da Sé, meninos de recado e malandros sem malandragens, frequentador do bairro, imprime seu sotaque italianado ao ritmo. A cidade esparramada lhe dá um ar mais de blues do que de samba.
Paulo Vanzolini paira sobre os outros dois. É cientista da maior universidade brasileira. Um observador da vida mediana do trabalhador, do boêmio. Também comedido.
Dos três o que podia dar errado, foi o que deu certo. Por persistência, sofrendo achaques virou clássico o Sr. Rubinato. A cara de São Paulo, o samba paulistano é ele.
E a falta de unidade até na hora da interpretação ganha força. O samba de Adoniran caberia melhor no timbre do mesmo porte de Germano Mathias, um daqueles malandros sem malandragem dessa cidade. Mas foi cair como uma luva por conta de um grupo vocal, também cheio de filhos de imigrantes brancos e que faziam no nome uma paródia ao grupo carioca Anjos do Inferno, Os Demônios da Garoa. A graça, o xiste do realismo italiano no samba. Um realismo que fazia com que Adoniran, enlencasse em sua letras, pizzas, bracholas mas não se esquecesse das ruas e malocas da cidade cosmopolita e andarilho e ouvidor, marcasse com melodias e versos simples, a Vila Ré, o Brás, Ermelino, Vila Esperança e o Jaçanã, este último, eternizado no que seria sua entrada no panteão do samba brasileiro, com a robert johnsiniana, Trem da onze.Uma entrada não sem traumas. Por conta disso São Paulo ganharia a alcunha de túmulo do samba, vinda do poeta Vinícius de Moraes, embora ele tenha negado a autoria da expressão, a coisa ficou.
Se o samba de São Paulo merece, desconfiança e linhas inseguras dos críticos e artistas cariocas, os clássicos daquele que escreveu torto em papéis de pão se firmou e marcou território se assumindo. Mais ou menos como faz a maior torcida do outro centenário dessa cidade esparramada e time de Adoniran, o Curintía, assim mesmo com sotaque de imigrante. Um samba maloqueiro e sofredor, Graças a Deus. É nóis mano !!! Túmulo do samba o c(*) !!!




A Graça



não era uma gracinha ??

2 comentários:

Pod papo - Pod música disse...

Já ouvi falar muito de Adoniran e já ouvi muitas músicas dele. Que ele seja lembrado para sempre.

pedro geraldo disse...

Juliana

Também espero que ele seja lembrado para sempre. Ele merece.
Apesar do texto, que merecia por parte de muitos, críticas e brincadeiras maldosas. Eraa maneira que ele tinha que se expressar.E pegar qualuqer coletânea dele se verá, qeu se conhece e muito a obra dele, que não foi um trabalho passageiro, enfim um verdadeiro clássico.

Obrigado pela visita,apareça quando quiser. Parabéns pelo blog e continue dividindo suas idéias com o mundo, não pare,escreva muito.