_ Você é amiga da Telma ?
_ Sou !
_ E da Monica ?
_ Também !
_ E da Alice ?
_ Hum-Hum !
_ Sou !
_ E da Monica ?
_ Também !
_ E da Alice ?
_ Hum-Hum !
Eu estava precisando de um livro de como conversar com as meninas. Minhas perguntas tinham terminado para a menina que me chamava a atenção e que estudava numa séria à frente da minha. E olha que eu nem falei que quando eu jogava nos campinhos do Carandiru, quando a bola saía, eu olhava em direção à Vila Paiva imaginando ela na casa dela. Mas o futebol estava virando item do passado, eu pensava em outras áreas, Arquitetura, Comunicações o Instituto Rio Branco. E pensava nela numa praia européia, às vezes, embora uma dança em algum bailinho já teria sido legal. Mas o diálogo só aconteceu por conta de uma coisa.
A menina que me chamava a atenção bateu na minha classe, pediu licença para a professora de matemática, e perguntou seu Eu, Eu mesmo, podia acompanhá-la até a classe dela, que a professora Rosana estava me requisitando. Quase me mijando eu tinha ouvido a menina que me chamava a atenção falar meu nome para a classe inteira ouvir.
Ela só chamava a minha atenção. Não falava com ela. E quando meu amigo Maurício veio pedir a tradução de duas músicas para entregar para a Alice, que andava com ela, ele me perguntou: A Alice não é a mais bonita da escola ?. Discordei, embora a Alice ficasse bonita depois da tradução feita. Ela era ainda a mais bonita. E era de outra série, logo iria embora. E eu tinha uma certa inveja dos caras da classe dela. Olhando para ela quando falavam com ela e ela segurando o caderno junto ao peito, prestando atenção. E agora ela surgiu na porta da minha classe falava meu nome e eu teria que andar com ela todo o corredor até a classe dela.
Fui olhando a saia cinza dela, as meias, dava para ver o desenho do sutiã pela camisa branca fina, e aqui o pensamento voou para as praias européias, o cabelo preso, uma mecha deslocando do penteado ajeitado com um elastico, um anel na mão direita, dedos finos da mão. Minhas perguntas tinham acabado e o corredor era o maior corredor do mundo.
A professora Rosana de Educação Artística que também dava aula para minha turma tinha uma mania de levar músicas para que cantássemos. Uma mania copiada da professora de Inglês. Ela tinha nos dado uma música do Blue Magic, um grupo de r&B na linha do The Stylistics e quando ela perguntou se alguém conhecia, levantei a mão. Bastou, tive que cantar para a classe. E era por isso que eu estava sendo chamado para a classe da menina que me chamava a atenção. Para cantar para classe a música do Blue Magic, Sideshow. Tremi mas não podia fazer feio. Eu enfrentava uns caras mais violentos nos campinhos de várzea. Mirei um rosto, que vocês sabem qual e mandei ver. Dando ênfase em algumas frases da letra como, See the man with the broken heart/ you'll see that he's sad, he hurts so bad (so bad) ou See the man who's been cryin' for a million years, so many tears (so many tears) see the girl who's collected broken hearts for souvenirs.
E nos coros percebi que ela cantava junto e não tirava o olho.
Há pequenas vitórias que um homem tem que comemorar. Tocar o coração de uma mulher não é fácil. Daquele dia em diante e até ela sair para o Salete, houve sempre um "Oi !", uma pergunta, sobre a vida, os estudos, uma música. Não ficamos amigos mas cantar para ela, fingindo que era para a classe, foi uma vitória.
E percebi que aquilo ali, era uma história boa de ser contada e resolvi, andando e olhando os colegas da rua, da escola, a família que eu iria fazer Comunicações, tudo para imaginar que alguém ou talvez a menina que me chamava a atenção me lesse na casa dela na Vila Paiva ou em outra parte do mundo. E me admirasse como naquela tarde em que cantei na classe dela.
A menina que me chamava a atenção bateu na minha classe, pediu licença para a professora de matemática, e perguntou seu Eu, Eu mesmo, podia acompanhá-la até a classe dela, que a professora Rosana estava me requisitando. Quase me mijando eu tinha ouvido a menina que me chamava a atenção falar meu nome para a classe inteira ouvir.
Ela só chamava a minha atenção. Não falava com ela. E quando meu amigo Maurício veio pedir a tradução de duas músicas para entregar para a Alice, que andava com ela, ele me perguntou: A Alice não é a mais bonita da escola ?. Discordei, embora a Alice ficasse bonita depois da tradução feita. Ela era ainda a mais bonita. E era de outra série, logo iria embora. E eu tinha uma certa inveja dos caras da classe dela. Olhando para ela quando falavam com ela e ela segurando o caderno junto ao peito, prestando atenção. E agora ela surgiu na porta da minha classe falava meu nome e eu teria que andar com ela todo o corredor até a classe dela.
Fui olhando a saia cinza dela, as meias, dava para ver o desenho do sutiã pela camisa branca fina, e aqui o pensamento voou para as praias européias, o cabelo preso, uma mecha deslocando do penteado ajeitado com um elastico, um anel na mão direita, dedos finos da mão. Minhas perguntas tinham acabado e o corredor era o maior corredor do mundo.
A professora Rosana de Educação Artística que também dava aula para minha turma tinha uma mania de levar músicas para que cantássemos. Uma mania copiada da professora de Inglês. Ela tinha nos dado uma música do Blue Magic, um grupo de r&B na linha do The Stylistics e quando ela perguntou se alguém conhecia, levantei a mão. Bastou, tive que cantar para a classe. E era por isso que eu estava sendo chamado para a classe da menina que me chamava a atenção. Para cantar para classe a música do Blue Magic, Sideshow. Tremi mas não podia fazer feio. Eu enfrentava uns caras mais violentos nos campinhos de várzea. Mirei um rosto, que vocês sabem qual e mandei ver. Dando ênfase em algumas frases da letra como, See the man with the broken heart/ you'll see that he's sad, he hurts so bad (so bad) ou See the man who's been cryin' for a million years, so many tears (so many tears) see the girl who's collected broken hearts for souvenirs.
E nos coros percebi que ela cantava junto e não tirava o olho.
Há pequenas vitórias que um homem tem que comemorar. Tocar o coração de uma mulher não é fácil. Daquele dia em diante e até ela sair para o Salete, houve sempre um "Oi !", uma pergunta, sobre a vida, os estudos, uma música. Não ficamos amigos mas cantar para ela, fingindo que era para a classe, foi uma vitória.
E percebi que aquilo ali, era uma história boa de ser contada e resolvi, andando e olhando os colegas da rua, da escola, a família que eu iria fazer Comunicações, tudo para imaginar que alguém ou talvez a menina que me chamava a atenção me lesse na casa dela na Vila Paiva ou em outra parte do mundo. E me admirasse como naquela tarde em que cantei na classe dela.
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