terça-feira, 10 de agosto de 2010

Negritude Junior

Roubado na caruda do Nei Lopes

“NÃO RACIALISMO” É ISTO AQUI, Ó!


Dizem – não podemos afirmar com certeza – que a República Dominicana é um país complicado. Sua po­pu­la­ção de­cla­ra­da in­clui 73% de mu­la­tos e 16% de ne­gros. E sua História conta que em 1523 um gru­po de es­cra­vos afri­ca­nos re­be­la­va-se, fun­dan­do um qui­lom­bo, o pri­mei­ro da ­ilha, ini­cia­ti­va que se re­pe­tiu em 1537 e 1548. Graças à ex­plo­ra­­ção da mão-de-­obra de afri­ca­nos e des­cen­den­tes, en­tre 1570 e 1630 a ­ilha foi o ­maior pro­du­tor de ou­ro das Antilhas, um dos maio­res pro­du­to­­res de açú­car das Américas e do­na de um re­­ba­nho bo­vi­no na pro­por­ção de uma ca­be­ça pa­ra ca­da ha­bi­tan­te. Em 1809, ­após a Re­vo­lu­ção Hai­tia­na, a Espanha re­to­mou par­te da ­ilha, num domínio que perdurou até 1822, quando o go­ver­no ne­gro do Haiti vol­tou a ocu­par to­do o ter­ri­tó­rio. Nesse tempo, porém, e até o fim do governo haitiano de Jean-Pierre Boyer, constituiu-se o que se denominou “Haiti Espanhol”, em contraposição à República do Haiti, de fala francesa. Até que, em 1861, a bur­gue­sia criou­la (branca, nativa) so­li­ci­tou a rein­te­gra­ção do ­país à Espanha, em bus­ca de ­apoio ex­ter­no pa­ra man­ter o do­mí­nio so­bre a maio­ria ne­gra.

Quatro ­anos mais tarde, co­mo re­sul­ta­do de um mo­vi­men­to li­de­ra­do por mu­la­tos, o ­país, declarou ainda uma vez sua in­de­pen­dência, embora caindo logo depois sob a tutela econômica dos Estados Unidos.

Dizem – repetimos – que o racismo contra os negros come solto por lá. E isto parece claro num mini-conto de Eduardo Galeano, publicado no livro “Bocas do Tempo” (Porto Alegre, L & PM, 2010), que acaba de chegar por aqui.

É a história de Sonia Pie de Dandré, uma afro-dominicana orgulhosa de suas raízes étnicas. Que foi à repartição publica competente retirar o passaporte que solicitara.

Quando recebeu o documento, Sonia viu que, nele, a cor de sua pele figurava como “trigueña” (em português, “trigueira”, “amorenada”). Então, pediu que corrigissem, pois era “negra” – disse.

“- Neste país não há negros – explicou o funcionário, negro, que tinha preenchido os formulários”. – como finaliza o conto o grande autor de “As veias abertas da América Latina”.

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Pois é isso o que desejam os “não racialistas” brasileiros. Que nossa identidade seja o que eles querem e não o que na verdade somos e desejamos. Entendido?









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